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sábado, 26 de abril de 2014

DANÇARINO DOUGLAS, PODE SER VÍTIMA, MAIS SANTO NÃO ERA

Dançarino Douglas sentia “saudades eternas” do traficante Cachorrão. De luto em janeiro, postou no Facebook que “o bico” ia “fazer barulho”, porque “os amigos” estavam “cheio de ódio na veia”. Pode ser vítima, mas santo não era.

Já imaginou como estariam as redes sociais se alguém descobrisse um post dos PMs do Pavão-Pavãozinho que os vinculasse mesmo que indireta e sentimentalmente a algum traficante ou falasse em ódio após a morte de um deles? Pois é. Seria um Deus-nos-acuda – quer dizer: um Capeta-nos-guie! – nas páginas dos jornais e da militância da desmilitarização.

Mas agora é do outro lado.

Em 18 de janeiro, um dia após uma troca de tiros no Pavão-Pavãozinho resultar na morte de Patrick Costa dos Santos, o Cachorrão, de 25 anos – que tinha duas condenações por tráfico e obteve livramento condicional em outubro de 2012 -, o dançarino do “Esquenta” Douglas Rafael da Silva Pereira, conhecido como DG e encontrado morto nesta semana na mesma favela que os jornalistas insistem em chamar de “pacificada”, postou no Facebook:

“PPG ta de luto, e os amigos cheio de ódio na veia, mas tarde o bico vai fazer barulho…. #‎saudades eternas Cachorrão !”

Passando a limpo a tradução de um policial civil:

- “PPG” é a dita “comunidade” Pavão, Pavãozinho e Galo.

- “Bicos” são fuzis de uso restrito das forças armadas, de grosso calibre (7,62mm e 556mm) e altíssima letalidade, como COLT AR 15, M-16, AK-47, G3 e outros.

- “Os amigos” são os integrantes das quadrilhas que traficam drogas, cometem homicídios, sequestros, roubos e crimes variados.

- “Fazer barulho” é efetuar centenas de disparos, aterrorizando a população ordeira.

- “Cheio de ódio na veia” eu preciso explicar? Não é decerto o sentimento lindo de “miguxos” que querem obedecer a lei naquela noite e nos dias (meses e anos…) seguintes.

Muita calma nessa hora. Aqui não se vai culpar ninguém pela morte de Douglas, muito menos ele mesmo, e que dirá justificá-la, sem que as investigações estejam concluídas. Mas quando morre um morador da favela, ele é logo tratado como um santo inocente vítima de um PM criminoso – na verdade, de toda a PM criminosa que deveria sumir da face da Terra -, de modo que é preciso trazer à luz as informações de todos os lados, sem ceder à polícia do pensamento. 

Por mais humano que seja sentir saudade de alguém que escolheu o caminho errado, falar publicamente dos “amigos” que vão dar tiros de fuzil em função de sua morte, no momento mesmo em que se revela o luto e a saudade, faz parecer que não se julga a escolha pelo crime e o comportamento dos criminosos coisas assim muito erradas, não é mesmo? Pelo menos a intimidade com os traficantes resta evidente – e é um dado a mais a ser observado. **

O SALTO DE DOUGLAS
O Globo Online informa:

Segundo amigos, o dançarino estaria participando de um churrasco na laje de um prédio de três andares quando, por volta de 1h de terça-feira, bandidos e policiais da UPP que faziam uma ronda começaram um tiroteio. Para sair da linha de tiro, Douglas e um outro rapaz teriam se lançado no ar, a fim de tentar alcançar o telhado de um outro imóvel, cerca de dois metros à frente. Segundo eles, o outro rapaz conseguiu escapar ileso, mas Douglas teria batido com as costelas em um muro divisório e caído cerca de 15 metros, nos fundos da creche vizinha. Eles não sabem dizer se Douglas teria sido atingido no momento do salto.

No momento do salto ou não, sendo verídica ou não essa versão do “churrasco”, o fato é que foi um “tiro transfixante” que matou Douglas e, segundo o delegado da 13ª DP, Gilberto da Cruz Ribeiro, nenhum projétil foi encontrado em seu corpo, nem cápsula na creche onde ele foi descoberto. A Polícia Civil solicitou a apreensão das armas dos dez policiais da UPP, embora haja o risco de adulteração. 

A seguir nesse ritmo, o caso tem tudo para durar tanto quanto o do pedreiro Amarildo de Souza, da Rocinha – crime pelo qual há 25 policiais denunciados -, fornecendo bastante munição verbal para a militância anti-PM e para os adversários do candidato da situação ao governo do estado do Rio, Luiz Fernando Pezão, ”fazerem barulho”.

O secretário José Mariano Beltrame afirmou que facções criminosas orquestram ações como a de terça – assim como no Alemão e no Jacaré – porque está perdendo territórios. Eu prefiro dizer, desde que começou a falsa “Pacificação”, que é porque os integrantes não estão sendo presos – ou foram soltos. 

O chefe da venda de drogas na favela, Adauto do Nascimento Gonçalves, o Pitbull, de 33 anos, foi preso em 2008, quando apresentou aos policiais crachá de vigia das obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) na comunidade, mas está foragido desde julho, quando passou para o regime semiaberto e não retornou à cadeia. Pitbull participou do confronto desta semana e conseguiu escapar.

A RAIZ DO PROBLEMA

O que está na raiz da guerra que vitimou Douglas não é a “ideologia militar” da polícia, ainda que possa haver PMs culpados, mas a proteção legal que bandidos do naipe de Pitbull dispõem para se livrar da prisão e continuar tocando o terror na cidade e sobrecarregando as forças policiais. 

Os militantes que exploram a morte do dançarino do “Esquenta” em favor de causas políticas como a desmilitarização estão em boa parte a serviço do PT e do PSOL, os partidos que fazem de tudo para proteger bandidos como Cachorrão e Pitbull contra a sociedade.

Douglas não era Cachorrão nem Pitbull, mas tampouco era santo, de modo que convém no mínimo indagar se, de uma forma ou de outra, alguns daqueles “amigos” – os “cheios de ódio na veia” e de “bico” na mão – foram corresponsáveis pela sua morte. Nem que seja pelo efeito educativo de instruir as crianças a rejeitar as más companhias…

Eu não sou a favor de pena de morte para traficantes. Mas que os nossos (futuros?) legisladores deveriam ouvir menos petistas e psolistas, e mais o Sargento Fahur a respeito deles, para evitar as tragédias diárias de milhares de brasileiros, não resta a menor dúvida.

VEJA:

AUTOR: Blog do Felipe Moura Brasil/VEJA

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