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segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

SECA NO RN MATA REBANHO, GERA PERDAS E AFUGENTA ATÉ ABELHAS

Vaca magra não consegue ficar de pé sem ajuda (Foto: Rafael Barbosa)

A seca que perdura no interior do Rio Grande do Norte está prejudicando outras áreas de produção, além da agricultura e pecuária. Em Santana do Matos, município distante 191 quilômetros de Natal, os produtores de leite sofrem com a mortandade das vacas, que está diminuindo a quantidade da produção e gerando prejuízos. Neste final de semana, uma equipe da Federação da Agricultura e Pecuária do Rio Grande do Norte (Faern) realizou uma expedição a cinco municípios das regiões Central, Oeste e Seridó do estado para constatar a gravidade da situação.

Antônio da Volta contou que, nos últimos três meses, a produção dele diminuiu em 2.500 litros por dia. “Eu tinha uma produção de 8.500 litros de leite por dia, agora estou produzindo 6.000 litros”, afirmou o lacticultor. Para Antônio, somente 10 anos de inverno regular poderiam ajudá-lo a recuperar as perdas. Ele relatou que, inicialmente, tentou vender parte do rebanho para aplicar o dinheiro em seu negócio, no entanto o montante não foi suficiente.

Sem perspectiva de chuva e com o gado morrendo, Antônio da Volta decidiu procurar financiamentos bancários. O auxílio de amigos também foi uma alternativa para conseguir dinheiro na tentativa de reerguer o negócio. Como as chuvas não vieram, as dívidas se acumularam. O produtor afirmou que, hoje, deve mais de R$ 1 milhão em empréstimos.

Antônio da Volta possui 1.500 cabeças de gado e 1.500 outros animais, entre ovelhas e cabras. Ele disse que há dois anos a quantidade representava o dobro. “Se não chover, vou vender tudo”, previu.

A maior parte da produção de Antônio da Volta é destinada à Associação dos Pequenos Agropecuaristas do Sertão de Angicos (Aspasa). Segundo Marcone Angicano, presidente da Aspasa, aproximadamente 90% do total da produção dos associados é destinada ao Programa do Leite, desenvolvido pelo Governo do Estado.

Angicano também afirmou que a Associação tem mais de 1.000 produtores cadastrados. Porém, apenas 300 continuam produzindo durante a seca. Marcone Angicano disse que o litro de leite bovino é vendido a R$ 0,93 e o de cabra a R$ 1,50.

Para Antônio da Volta, faltam políticas públicas de incentivo ao produtor rural, como agilidade nos financiamentos e subsídios com um custeio mais elevado pelo Estado. Os produtores cobram medidas mais efetivas do Governo para o combate à seca. “Só os carros-pipa e o fornecimento de milho não são o bastante”, reclamou.

O lacticultor também disse que não compensa aos produtores o cadastro na Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) para o recebimento do grão, pois a quantidade não é suficiente.

Fazenda Timbiú

A zootecnista e fazendeira Amariles Borges de Albuquerque passa por uma realidade semelhante à do produtor Antônio da Volta. Ela é proprietária da Fazenda Timbiú, onde fica a casa que foi de Aristófanes Fernandes, um líder político da região de Santana do Matos. Foi no local que aconteceu o primeiro leilão de gado do Rio Grande do Norte.

Amariles Borges cria 700 cabeças de gado na fazenda. Ela contou que suas vacas produziam uma média de 1.000 litros de leite por dia mas, desde o início do ano, em virtude da estiagem, a produção reduziu a zero.

A zootecnista disse que a família tem 100 anos de tradição na produção de leite. Ela tem 54 anos e afirmou que não se recorda de ter passado por um período de estiagem tão rigoroso e que tenha provocado tantos prejuízos.

Abelhas

A seca que assola o interior do Rio Grande do Norte também está prejudicando a apicultura. O criador de abelhas Raimundo Torres da Silva ainda não conseguiu produzir mel neste ano. Boa parte da renda com a qual ele sobrevive é retirada da apicultura, mas a atividade foi inviabilizada por causa da seca.

A seca matou todos os cajueiros da propriedade de Raimundo, onde ele também cria vacas. “Eram vinte e um animais. Hoje, tenho só nove. O resto morreu sem água”, relatou. A estiagem também está causando prejuízo à produção de mel. Os cajueiros eram utilizados no processo produtivo, mas com a falta de chuvas, as árvores secaram e as abelhas foram embora da região.

AUTOR: G1/RN

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