A temperatura atual das águas do Oceano Pacífico, na zona mais central e que passa alinhada com o Equador, está alta como poucas vezes esteve. No intervalo entre a 39ª e a 42ª semana do ano, já se equivale aos piores índices até então registrados.
O mar está 2,4°C mais quente que o esperado para esta época. Essa região do Pacífico, quando superaquecida, é a mais influente para determinar como será a estação chuvosa (fevereiro a maio) do ano seguinte no Nordeste brasileiro.
FÁBIO LIMA
Quando se avaliava a possibilidade de El Niño no ano passado, a medição chegou em novembro/2014 a 0,5°C acima do esperado e, perto de dezembro/2014, marcou 1°C acima. Não se confirmou El Niño, mesmo assim a seca no Ceará emendou o quarto ano seguido em 2015, com chuvas 35,2% abaixo da média histórica (804,9 milímetros) .
Agora, na medição mais recente de outubro/2015, atualizada a cada segunda-feira, os balões atmosféricos lançados no Pacífico mostram 2,4°C a mais e em perspectiva de alta. O que faz piorar? O Ceará está com apenas 14,8% de reserva hídrica atualmente em 153 açudes. E, na última semana, a Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme) confirmou a projeção de baixa para as chuvas de pré-estação (dezembro/janeiro).
Ainda não há informação conclusiva sobre o nível de repercussão total do El Niño para 2016. São indicações. Mas, por enquanto, esse superaquecimento central do Pacífico se iguala ao índice de 1997 (+2,4°) e bate o de 1982 (+2,1°) no intervalo setembro/outubro. O pico do fenômeno deve acontecer exatamente entre dezembro e janeiro. Vale lembrar que na repercussão desses piores El Niños, em 1983 o Ceará também emendou cinco anos inclementes de estiagem, com chuva 57,6% abaixo da média.
Quando se avaliava a possibilidade de El Niño no ano passado, a medição chegou em novembro/2014 a 0,5°C acima do esperado e, perto de dezembro/2014, marcou 1°C acima. Não se confirmou El Niño, mesmo assim a seca no Ceará emendou o quarto ano seguido em 2015, com chuvas 35,2% abaixo da média histórica (804,9 milímetros) .
Agora, na medição mais recente de outubro/2015, atualizada a cada segunda-feira, os balões atmosféricos lançados no Pacífico mostram 2,4°C a mais e em perspectiva de alta. O que faz piorar? O Ceará está com apenas 14,8% de reserva hídrica atualmente em 153 açudes. E, na última semana, a Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme) confirmou a projeção de baixa para as chuvas de pré-estação (dezembro/janeiro).
Ainda não há informação conclusiva sobre o nível de repercussão total do El Niño para 2016. São indicações. Mas, por enquanto, esse superaquecimento central do Pacífico se iguala ao índice de 1997 (+2,4°) e bate o de 1982 (+2,1°) no intervalo setembro/outubro. O pico do fenômeno deve acontecer exatamente entre dezembro e janeiro. Vale lembrar que na repercussão desses piores El Niños, em 1983 o Ceará também emendou cinco anos inclementes de estiagem, com chuva 57,6% abaixo da média.
Em 1998, a quadra chuvosa foi 49,9% menor que a média.
E nem havia El Niño
“Posso te afirmar que estávamos tendo seca no Ceará sem condições de El Niño. Agora estamos com El Niño forte. Então o cenário é muito pior”, alerta o presidente da Funceme, Eduardo Sávio Martins. Ele explica que o último registro do fenômeno foi em 2010, mas com baixa intensidade. E 2011 foi chuvoso (+28,5%) por causa do La Niña, que é o fenômeno inverso, de esfriamento das águas do Pacífico - benéfico para a propensão de chuvas no Nordeste.
Há cerca de três meses, a partir da preocupação climática e da situação hídrica, mudou-se, inclusive, a frequência das reuniões de um grupo do secretariado estadual destacado para tratar do assunto. De mensal, passou a ser semanal. No grupo estão as secretarias de Planejamento e Gestão (Seplag), Desenvolvimento Agrário (SDA), Recursos Hídricos (SRH), da Pesca, o Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica (Ipece), Cagece e a própria Funceme.
Nos encontros, alguns deles inclusive com a presença do próprio governador Camilo Santana, as pastas discutem como amenizar os danos causados pela estiagem 2015/2016. Órgãos setoriais, como SRH, Cagece, Funceme, Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh) e Superintendência de Obras Hidráulicas (Sohidra) mantêm a reunião semanal das sextas-feiras.
As chuvas deste ano foram tão poucas que o aporte de água nos reservatórios cearenses foi o terceiro mais baixo desde 1986, no período de fevereiro a maio. Em 2015, foram repostos 600 milhões de metros cúbicos na estação chuvosa. Nos registros destes 30 anos seguidos, as precipitações só foram piores aos açudes nos anos 1993 (110 milhões de m³) e 1998 (360 milhões de m³). Até a última sexta-feira, 82 açudes dos 153 monitorados no Ceará (53,59%) estavam com volume entre zero e 9% de água armazenada. A perspectiva de céu sem nuvens em 2016, ventilada pelo El Niño, assusta mais.
As variáveis do Atlântico
O Atlântico, apesar de ser o oceano que banha o Brasil, é menos influente para determinar a estação chuvosa nordestina do que o Pacífico. O presidente da Funceme, Eduardo Sávio Martins (foto), explica que um dos motivos é porque o Atlântico é quase cinco vezes menor do que a bacia do Pacífico. “O Atlântico aquece mais rápido, esfria mais rápido, tudo pode acontecer em muito menos tempo, o que é mais desfavorável para a previsão meteorológica”. Martins diz que mesmo o Atlântico estando com um aquecimento atual na sua porção mais ao norte ainda é cedo para apontar esse dado como definidor do cenário para 2016. (CR)
AUTOR: O POVO
“Posso te afirmar que estávamos tendo seca no Ceará sem condições de El Niño. Agora estamos com El Niño forte. Então o cenário é muito pior”, alerta o presidente da Funceme, Eduardo Sávio Martins. Ele explica que o último registro do fenômeno foi em 2010, mas com baixa intensidade. E 2011 foi chuvoso (+28,5%) por causa do La Niña, que é o fenômeno inverso, de esfriamento das águas do Pacífico - benéfico para a propensão de chuvas no Nordeste.
Há cerca de três meses, a partir da preocupação climática e da situação hídrica, mudou-se, inclusive, a frequência das reuniões de um grupo do secretariado estadual destacado para tratar do assunto. De mensal, passou a ser semanal. No grupo estão as secretarias de Planejamento e Gestão (Seplag), Desenvolvimento Agrário (SDA), Recursos Hídricos (SRH), da Pesca, o Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica (Ipece), Cagece e a própria Funceme.
Nos encontros, alguns deles inclusive com a presença do próprio governador Camilo Santana, as pastas discutem como amenizar os danos causados pela estiagem 2015/2016. Órgãos setoriais, como SRH, Cagece, Funceme, Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh) e Superintendência de Obras Hidráulicas (Sohidra) mantêm a reunião semanal das sextas-feiras.
As chuvas deste ano foram tão poucas que o aporte de água nos reservatórios cearenses foi o terceiro mais baixo desde 1986, no período de fevereiro a maio. Em 2015, foram repostos 600 milhões de metros cúbicos na estação chuvosa. Nos registros destes 30 anos seguidos, as precipitações só foram piores aos açudes nos anos 1993 (110 milhões de m³) e 1998 (360 milhões de m³). Até a última sexta-feira, 82 açudes dos 153 monitorados no Ceará (53,59%) estavam com volume entre zero e 9% de água armazenada. A perspectiva de céu sem nuvens em 2016, ventilada pelo El Niño, assusta mais.
As variáveis do Atlântico
O Atlântico, apesar de ser o oceano que banha o Brasil, é menos influente para determinar a estação chuvosa nordestina do que o Pacífico. O presidente da Funceme, Eduardo Sávio Martins (foto), explica que um dos motivos é porque o Atlântico é quase cinco vezes menor do que a bacia do Pacífico. “O Atlântico aquece mais rápido, esfria mais rápido, tudo pode acontecer em muito menos tempo, o que é mais desfavorável para a previsão meteorológica”. Martins diz que mesmo o Atlântico estando com um aquecimento atual na sua porção mais ao norte ainda é cedo para apontar esse dado como definidor do cenário para 2016. (CR)
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