Policiais, comerciantes, taxistas, mototaxistas, feirantes, vigilantes, aposentados e até um padre foram vítimas de crimes de latrocínio (roubo seguido de morte), neste ano, na Grande Fortaleza. Conforme pesquisa da Editoria de Polícia do Diário do Nordeste, desde o começo do ano, pelo menos, 53 pessoas foram assaltadas e mortas na Capital cearense ou nos demais Municípios da Região Metropolitana (RMF).
Na semana passada, a classe de motoristas de táxi decidiu ir às ruas para protestar pela violência que vem dominando a cidade e deixando os profissionais com medo de trabalhar. Isso aconteceu após mais um membro da categoria ser assassinado.
Tratava-se de Antônio Ediano Nobre, 55, cujo corpo foi encontrado, na manhã do dia 15, na Praia do Icaraí, em Caucaia. Na noite anterior, ele havia feito uma corrida para três jovens (dois rapazes e uma garota) na Avenida Bezerra de Menezes. Depois de rodar alguns quilômetros, acabou sendo surpreendido com o anúncio do roubo. Era a sua última corrida.
Vítimas em potencial
Segundo o Sindicato dos Taxistas de Fortaleza (Sinditaxi). Do começo do ano até a gora, pelos menos quatro integrantes da classe foram assassinados na Grande Fortaleza durante assaltos, os chamados crimes da ´Bandeira Dois´. Desarmados, impotentes diante da violência dos ladrões, os motoristas acabam se tonando presas fáceis dos bandidos. Alguns motoristas, ouvidos pela Reportagem, afirmam que já pensam em abandonar a profissão tamanho são os riscos que enfrentam todos os dias no vai-e-vem de deixar passageiros nos mais diversos bairros de Fortaleza. Eles apontam a Barra do Ceará, Messejana e a Praia do Futuro como os mais perigosos.
Mas não são apenas os taxistas que estão na permanente linha de risco diante da ação de assaltantes. Mototaxistas e vigilantes engrossa essa lista, assim como policiais militares e comerciantes, em geral, donos de pequenos negócios como mercadinhos em bairros periféricos.
Morte
Conforme a pesquisa feita pelo jornal, do começo do ano até agora, pelo menos, 13 policiais militares morreram em consequência de tentativas de assalto. Todos eles estavam na hora da folga e faziam o ´bico´ como segurança particular para complementar sua renda, diante dos baixos salários que recebem do Estado.
Outra categoria profissional bastante vulnerável diante da criminalidade crescente na Grande Fortaleza é a de vigilantes. Seis deles foram mortos, neste ano, quando reagiram ao ataque de marginais. E o pior, três deles tombaram sem vida quando prestavam serviços em escolas públicas, sendo dois casos na cidade de Caucaia.
Nem mesmo em prédios públicos, onde, aparentemente não há valores a serem subtraídos, vigilantes são surpreendidos por marginais que buscam suas armas de fogo.
Um dos últimos latrocínios ocorridos em Fortaleza aconteceu em pleno Centro da cidade, quando bandidos armados atacaram, simultaneamente, duas lojas na Avenida Tristão Gonçalves. Um dos vendedores da primeira loja invadida tentou proteger uma colega que estava sendo ameaçada e acabou recebendo um tiro no peito. Davi Alberto Farias do Nascimento ainda foi socorrido pelos colegas de trabalho e levado ao IJF-Centro, onde, porém, morreu. Um dos assaltantes foi perseguido e preso logo em seguida.
Sinditaxi apresenta medidas
Em 2013, O Sindicato dos Taxistas de Fortaleza (Sinditaxi) registrou a morte de quatro trabalhadores da categoria, todos assassinados durante o expediente, quando realizavam corridas.
Segundo informações do presidente do Sinditaxi, Vicente de Paula Oliveira, a situação de violência tem deixado os trabalhadores preocupados. Além dos crimes de morte, também foram registrados vários assaltos dentro de táxis na Capital.
O líder do sindicato explica que a ação dos bandidos é a mesma. Eles entram nos táxis como se fossem clientes, e em determinado local, anunciam o assalto. "Quando não matam os trabalhadores, roubam dinheiro, celular, relógio e a chave do carro", ressalta o presidente do Sinditaxi.
Na semana passada, a categoria realizou uma manifestação em frente a Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), para pedir uma reação da Pasta. A iniciativa aconteceu um dia depois do corpo do taxista Ediano Nobre, 55, ser encontrado na Praia do Icaraí, em Caucaia. O trabalhador foi vítima de latrocínio (roubo seguido de morte). Um dia após o achado de cadáver, a Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) apreendeu os dois suspeitos, ambos de 17 anos.
A SSPDS divulgou que a Polícia Militar do Estado do Ceará (PMCE) deve intensificar as abordagens aos táxis, com ou sem passageiros, durante 24 horas. O objetivo é trabalhar de maneira preventiva, examinando o interior dos veículos e porta-malas. "No primeiro momento, a ação deve causar constrangimento nos clientes, mas a situação é necessária para criar uma Polícia amiga do taxista", comenta o líder do Sinditaxi.
O Sinditaxi vai sugerir alternativas para diminuir o número de assaltos aos táxis. A primeira medida seria a colocação de uma cabine blindada que seria instalada dentro dos veículos, separando o taxista do cliente.
A intenção do sindicato é levar o projeto ao Governo do Estado e Prefeitura para que o equipamento seja instalado em, pelo menos, 10% da frota, como um teste. A segunda medida seria a instalação de câmeras de segurança dentro dos carros, com um botão de alarme. Todo o trajeto do taxista seria filmado e controlado por uma central de monitoramento, no sindicato.
Para o presidente do Sinditaxi, o Governo poderia custear um projeto piloto, que seria uma forma de incentivo para que os outros taxistas instalassem em seus veículos, com seu próprio dinheiro. Atualmente, a frota é contabilizada em 4.392 táxis.
Vigilantes mortos e armas roubadas
O presidente do Sindicato dos Vigilantes do Estado do Ceará, Geraldo Cunha, afirma que existe uma preocupação com a questão da segurança da categoria, que tem sido um grande alvo dos bandidos. A ação criminosa contra os vigilantes consiste em roubar a arma do trabalhador.
O número de crimes contra vigilantes aumentam quando as facções criminosas têm dificuldades de conseguir armas no mercado negro. Em 2013, nove vigilantes foram assassinados, conforme o balanço do sindicato.
De acordo com informações de Geraldo Cunha, durante os assaltos, uma das primeiras ações dos bandidos é dominar o vigilante, seja matando ou tomando sua arma para que não ocorra nenhum tipo de reação.
Para o presidente do sindicato, a função dos vigilantes é defender o patrimônio privado, do cliente ou da empresa para que ele trabalha. Mas em diversos casos, o vigilante sofre violência na rua, onde o dever de segurança é do Estado.
No próximo dia 29, o sindicato vai participar de uma audiência pública na Câmara Municipal para discutir a situação dos trabalhadores. O presidente do sindicato também disse que a procura pela segurança privada aumentou 10% neste ano, devido a sensação de insegurança na Capital.
Para ser um vigilante é necessário passar por um curso de formação, que inclui aulas de defesa pessoal, tiro e comportamento. O líder do sindicato acredita que os profissionais estão preparados para enfrentar a abordagem de bandidos, mas que o Governo deve oferecer um suporte maior para os trabalhadores.
Casos
Em janeiro de 2013, um vigilante foi morto dentro de uma escola estadual no bairro Conjunto Ceará. A vítima era Carlos Antônio Dutra de Abreu, 45.
Na ação criminosa, uma dupla tentou invadir a escola, mas foi impedida pelo vigilante, que acabou morto com um tiro no peito esquerdo. Outro caso, mais recente, ocorreu em uma obra da Avenida Rogaciano Leite, no bairro Salinas. Leonardo Garcia de Azevedo, levou três tiros na cabeça no dia 21 de outubro quando realizava a segurança da construção de um condomínio. O último crime ocorreu na semana passada. A vítima não estava em horário de trabalho e era testemunha de vários homicídios.
AUTOR: DN
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