Depoimentos dados à Justiça nesta quarta-feira (22) indicam que o ex-estudante de biologia da Universidade de Brasília (UnB) Vinícius Neres reservou, com uma semana de antecedência, o laboratório onde a aluna Louise Ribeiro foi morta asfixiada com clorofórmio, em março deste ano. Neres é apontado como o principal suspeito do crime, está preso preventivamente e também deve ser ouvido nesta quarta.
De acordo com as testemunhas, Neres informou a colegas e professores que faria um "experimento fotográfico" naquela semana, com materiais sensíveis à luz. Com esse argumento, ele conseguiu autorização para tampar as janelas e impedir a entrada de outros colegas no espaço.
Ele também chegou a informar que não compareceria à UnB na sexta seguinte à "experiência", porque teria que comparecer a uma audiência judicial. As informações foram prestadas por uma professora da UnB que orientava Neres em um projeto de pesquisa, e confirmadas por uma colega de curso de Louise que depôs em seguida.
Os depoimentos corroboram com a hipótese divulgada pela Polícia Civil, de que o crime teria sido premeditado com, pelo menos, uma semana de antecedência. No dia seguinte à morte de Louise, as janelas do laboratório seguiam cobertas por papel pardo.
A professora informou que a sala onde o projeto de extensão era realizado – e onde Louise teria sido morta – não era um laboratório convencional, mas abrigava muito material de pesquisa. A própria docente emitiu a autorização formal para o uso do espaço e disse que o suspeito e a vítima costumavam ir juntos às aulas, se comportando como um casal apaixonado.
Mais depoimentos
A audiência desta quarta-feira marca o início do processo movido pelo Ministério Público, que acusa Neres de homicídio qualificado. Os depoimentos começaram por volta das 14h30 e foram fechados ao público e à imprensa. As principais informações foram divulgadas pelo Tribunal de Justiça do DF em uma rede social.
O primeiro ouvido foi o policial responsável pelas investigações na época do crime. Ele confirmou à Justiça que o próprio estudante confessou o crime e levou a PM à área de cerrado onde o corpo de Louise tinha sido atirado.
A estudante de biologia da UnB Louise Ribeiro, morta por um aluno do curso em um laboratório da universidade (Foto: Facebook/Reprodução)
Segundo ele, o cadáver foi encontrado com um arame nas pernas e um lacre de plástico nas mãos. O corpo tinha marcas de carbonização no rosto e nas partes íntimas, e estava apenas parcialmente vestido. As roupas nunca foram encontradas.
Até as 17h30, a Justiça ainda ouvia o pai de Louise e tenente do Exército Ronald Ribeiro. Ele afirmou que estranhou o sumiço da filha no dia do crime, já que ela não tinha costume de voltar após as 23h. Mensagens enviadas do celular da jovem aos pais diziam que ela tinha ido "comer pizza com amigas" e que não era preciso que eles esperassem acordados.
As ações não condiziam com o comportamento da filha e chamaram a atenção da família. Em seguida, Neres chegou a ligar para os pais para saber de Louise e afirmou que não tinha se encontrado com a estudante.
A mãe da estudante também seria ouvida nesta quarta, mas não compareceu ao tribunal. Segundo o marido, ela não conseguiu dormir à noite e teve uma crise de choro pela manhã, na expectativa da audiência. O depoimento de Vinicius Neres deve encerrar a sessão, ainda nesta quarta.
Neres cumpre prisão preventiva no Complexo Penitenciário da Papuda desde março. Após a audiência desta quarta, o MP decide se dá procedimento ao processo – neste caso, o réu deve ser levado a júri popular. O órgão também pode determinar o arquivamento da ação ou a absolvição de Neres, a depender do resultado do interrogatório.
O promotor de Justiça responsável pelo caso, Marcello Oliveira Medeiros, diz acreditar que o caso vá a julgamento no segundo semestre. O estudante responde por homicídio qualificado, com quatro agravantes: motivo fútil, uso de recurso que dificulta a defesa da vítima, asfixia e feminicídio. O réu também foi denunciado por ocultação de cadáver – o corpo foi transportado do laboratório até uma área de mata da UnB, segundo a ação.
Relembre o caso
Louise foi dopada com clorofórmio e, depois de inconsciente, teve 200 ml do produto químico injetados na boca, supostamente, por Vinícius Neres. O produto é tóxico e causa morte.
Segundo a investigação, Neres prendeu os pés e as mãos da menina e enrolou o corpo dela em um colchão inflável. Ele teria levado o corpo da estudante no carro dela até uma área de cerrado no Setor de Clubes Norte e abandonado o cadáver na mata.
Em depoimento, o rapaz afirmou ter colocado a vítima sentada com as mãos amarradas. Segundo a polícia, Neres pressionou o pescoço da vítima para que pudesse abrir a garganta e ingerir o líquido.
Depois do crime, o estudante colocou o corpo de Louise no chão e saiu para dar uma volta no carro dela pelas proximidades do instituto. O delegado disse que o passeio durou 12 minutos. O suspeito disse que chegou a tirar a calcinha da vítima e um absorvente interno, mas "decidiu" não violentá-la.
Segundo ele, o cadáver foi encontrado com um arame nas pernas e um lacre de plástico nas mãos. O corpo tinha marcas de carbonização no rosto e nas partes íntimas, e estava apenas parcialmente vestido. As roupas nunca foram encontradas.
Até as 17h30, a Justiça ainda ouvia o pai de Louise e tenente do Exército Ronald Ribeiro. Ele afirmou que estranhou o sumiço da filha no dia do crime, já que ela não tinha costume de voltar após as 23h. Mensagens enviadas do celular da jovem aos pais diziam que ela tinha ido "comer pizza com amigas" e que não era preciso que eles esperassem acordados.
As ações não condiziam com o comportamento da filha e chamaram a atenção da família. Em seguida, Neres chegou a ligar para os pais para saber de Louise e afirmou que não tinha se encontrado com a estudante.
A mãe da estudante também seria ouvida nesta quarta, mas não compareceu ao tribunal. Segundo o marido, ela não conseguiu dormir à noite e teve uma crise de choro pela manhã, na expectativa da audiência. O depoimento de Vinicius Neres deve encerrar a sessão, ainda nesta quarta.
Neres cumpre prisão preventiva no Complexo Penitenciário da Papuda desde março. Após a audiência desta quarta, o MP decide se dá procedimento ao processo – neste caso, o réu deve ser levado a júri popular. O órgão também pode determinar o arquivamento da ação ou a absolvição de Neres, a depender do resultado do interrogatório.
O promotor de Justiça responsável pelo caso, Marcello Oliveira Medeiros, diz acreditar que o caso vá a julgamento no segundo semestre. O estudante responde por homicídio qualificado, com quatro agravantes: motivo fútil, uso de recurso que dificulta a defesa da vítima, asfixia e feminicídio. O réu também foi denunciado por ocultação de cadáver – o corpo foi transportado do laboratório até uma área de mata da UnB, segundo a ação.
Relembre o caso
Louise foi dopada com clorofórmio e, depois de inconsciente, teve 200 ml do produto químico injetados na boca, supostamente, por Vinícius Neres. O produto é tóxico e causa morte.
Segundo a investigação, Neres prendeu os pés e as mãos da menina e enrolou o corpo dela em um colchão inflável. Ele teria levado o corpo da estudante no carro dela até uma área de cerrado no Setor de Clubes Norte e abandonado o cadáver na mata.
Em depoimento, o rapaz afirmou ter colocado a vítima sentada com as mãos amarradas. Segundo a polícia, Neres pressionou o pescoço da vítima para que pudesse abrir a garganta e ingerir o líquido.
Depois do crime, o estudante colocou o corpo de Louise no chão e saiu para dar uma volta no carro dela pelas proximidades do instituto. O delegado disse que o passeio durou 12 minutos. O suspeito disse que chegou a tirar a calcinha da vítima e um absorvente interno, mas "decidiu" não violentá-la.
Cartaz no Instituto de Biologia da UnB, em março, informando que as aulas tinham sido suspensas devido ao luto (Foto: Bárbara Oliveira/G1 DF)
O corpo da estudante foi levado com as mãos atadas por uma presilha e os pés por um arame até a área de mata. O veículo foi abandonado no estacionamento do Instituto de Biologia e o estudante voltou para casa de ônibus, segundo informações dadas por ele mesmo em depoimento à Polícia Civil.
O jovem alegou que teve um “ataque de fúria” quando Louise Ribeiro, que se recusava a reatar o relacionamento, quis abraçá-lo. A Polícia Civil, porém, trabalha com a hipótese de que o crime tenha sido premeditado, já que as janelas do laboratório estavam vedadas com papel pardo.
Na Papuda, Neres ocupa sozinho uma cela de cinco metros quadrados, sem chuveiro elétrico e com bacia turca – sanitário que fica no chão.
Louise e o suspeito tiveram um relacionamento de dois meses, segundo a defesa dele, embora Neres tenha dito que o namoro tenha durado nove meses. Ele disse que ainda era apaixonado pela estudante. Algemado, o rapaz deu detalhes do crime em uma coletiva de imprensa sem aparentar nervosismo.
AUTOR: G1/DF
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