A revista The Economist traz novamente esta semana uma capa sobre o Brasil. Na edição latino-americana que chega às bancas, uma passista de escola de samba está em um pântano coberta de gosma verde com o título "O atoleiro do Brasil". Em editorial, a revista diz que a primeira estrela da América Latina "está na maior bagunça desde o começo dos anos 1990".
O país já tinha sido capa da revista em 2009, com a imagem do Cristo Redentor decolando. Quatro anos depois, o mesmo Cristo aparecia em queda livre. No ano passado, a Economist defendeu a eleição de Aécio Neves.
A capa da edição da Economist para o restante do mundo não tem o país como tema principal e dá destaque a outro assunto: o avanço dos telefones celulares.
A Economist diz em editorial que, durante a campanha à reeleição, Dilma Rousseff descreveu a situação do país como positiva, afirmando que o pleno emprego, o aumento dos salários e benefícios sociais estavam ameaçados apenas pelos planos neoliberais de seus opositores. "Após dois meses no cargo, os brasileiros estão percebendo que o que lhes foi vendido era um falso prospecto", diz a revista.
O texto diz que "a economia do Brasil está numa bagunça, com problemas bem maiores do que o governo admite ou que os investidores parecem perceber". Entre os problemas estão a economia estagnada, a inflação, a diminuição dos investimentos, o escândalo de corrupção da Petrobras que teve como efeito colateral a paralisação de empreiteiras, e a desvalorização do real. A revista também cita a queda de popularidade da presidente.
"Escapar desse atoleiro seria difícil mesmo para uma grande liderança política. Dilma, no entanto, é fraca. Ela ganhou a eleição por pequena margem e sua base política está se desintegrando", diz a revista.
A Economist afirma que boa parte dos problemas brasileiros foram gerados pelo próprio governo que adotou uma estratégia de "capitalismo de Estado" no primeiro mandato. Isso gerou fracos resultados nas contas públicas e minou a política industrial e a competitividade, diz o editorial.
Por outro lado, a publicação parece ter gostado da nomeação de Levy para a Fazenda. "Para dar o devido crédito, a sra. Rousseff pelo menos reconheceu que o Brasil precisa de políticas mais favoráveis aos negócios se quiser manter seu grau de investimento e voltar a crescer. Esse entendimento é personificado pelo novo ministro da Fazenda,Joaquim Levy, um economista de Chicago e banqueiro e um um dos poucos economistas liberais do país".
As reformas anunciadas por Levy, porém, enfrentam o risco de serem anuladas por uma recessão ou menor arrecadação. É o maior teste que o país enfrentam desde os anos 1990, afirma a Economist. "Se o Brasil tiver uma repetição dos protestos de 2013 contra a corrupção e serviços precários, a sra. Rousseff pode estar fadada ao fracasso".
Entre as medidas para que o Brasil retome o caminho do crescimento sustentado, a revista diz que "pode ser muito esperar uma reforma das arcaicas leis trabalhistas". "Mas ela deve pelo menos tentar simplificar os impostos e reduzir a burocracia sem sentido", diz o texto, ao citar que há sinais de que o Brasil pode se abrir mais ao comércio exterior.
O texto termina com a lembrança de que o Brasil não é o único dos BRICS que enfrenta problemas. "Mesmo com todos os seus problemas, o Brasil não está em uma confusão tão grande como a Rússia. O Brasil tem um grande e diversificado setor privado e instituições democráticas robustas. Mas seus problemas podem ir mais fundo do que muitos imaginam. O tempo para reagir é agora".
AUTOR: Revista Época
O país já tinha sido capa da revista em 2009, com a imagem do Cristo Redentor decolando. Quatro anos depois, o mesmo Cristo aparecia em queda livre. No ano passado, a Economist defendeu a eleição de Aécio Neves.
A capa da edição da Economist para o restante do mundo não tem o país como tema principal e dá destaque a outro assunto: o avanço dos telefones celulares.
A Economist diz em editorial que, durante a campanha à reeleição, Dilma Rousseff descreveu a situação do país como positiva, afirmando que o pleno emprego, o aumento dos salários e benefícios sociais estavam ameaçados apenas pelos planos neoliberais de seus opositores. "Após dois meses no cargo, os brasileiros estão percebendo que o que lhes foi vendido era um falso prospecto", diz a revista.
O texto diz que "a economia do Brasil está numa bagunça, com problemas bem maiores do que o governo admite ou que os investidores parecem perceber". Entre os problemas estão a economia estagnada, a inflação, a diminuição dos investimentos, o escândalo de corrupção da Petrobras que teve como efeito colateral a paralisação de empreiteiras, e a desvalorização do real. A revista também cita a queda de popularidade da presidente.
"Escapar desse atoleiro seria difícil mesmo para uma grande liderança política. Dilma, no entanto, é fraca. Ela ganhou a eleição por pequena margem e sua base política está se desintegrando", diz a revista.
A Economist afirma que boa parte dos problemas brasileiros foram gerados pelo próprio governo que adotou uma estratégia de "capitalismo de Estado" no primeiro mandato. Isso gerou fracos resultados nas contas públicas e minou a política industrial e a competitividade, diz o editorial.
Por outro lado, a publicação parece ter gostado da nomeação de Levy para a Fazenda. "Para dar o devido crédito, a sra. Rousseff pelo menos reconheceu que o Brasil precisa de políticas mais favoráveis aos negócios se quiser manter seu grau de investimento e voltar a crescer. Esse entendimento é personificado pelo novo ministro da Fazenda,Joaquim Levy, um economista de Chicago e banqueiro e um um dos poucos economistas liberais do país".
As reformas anunciadas por Levy, porém, enfrentam o risco de serem anuladas por uma recessão ou menor arrecadação. É o maior teste que o país enfrentam desde os anos 1990, afirma a Economist. "Se o Brasil tiver uma repetição dos protestos de 2013 contra a corrupção e serviços precários, a sra. Rousseff pode estar fadada ao fracasso".
Entre as medidas para que o Brasil retome o caminho do crescimento sustentado, a revista diz que "pode ser muito esperar uma reforma das arcaicas leis trabalhistas". "Mas ela deve pelo menos tentar simplificar os impostos e reduzir a burocracia sem sentido", diz o texto, ao citar que há sinais de que o Brasil pode se abrir mais ao comércio exterior.
O texto termina com a lembrança de que o Brasil não é o único dos BRICS que enfrenta problemas. "Mesmo com todos os seus problemas, o Brasil não está em uma confusão tão grande como a Rússia. O Brasil tem um grande e diversificado setor privado e instituições democráticas robustas. Mas seus problemas podem ir mais fundo do que muitos imaginam. O tempo para reagir é agora".
AUTOR: Revista Época
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