Uma ‘guerra’ de traficantes de drogas e crimes de ‘acertos de contas’ têm deixado uma comunidade inteira apavorada em Fortaleza. Trata-se do Barroso, localizado na área do Grande Passaré, próxima ao Castelão. No período de apenas 10 dias, 13 pessoas foram assassinadas ali. Todas foram executadas com vários tiros, com característica de execução sumária.
O primeiro assassinato aconteceu na tarde do último dia 7, um sábado, quando Charles Mateus Dias Teixeira, traficante de drogas, conhecido por ‘Neném, foi atingido com vários tiros na porta de casa, na Rua Chico Xavier. Ele foi socorrido pelos vizinhos, mas morreu no hospital ‘Frotinha’ de Parangaba.
Vingança rápida
Não demorou muito, e o revide aconteceu. Cerca de uma hora e meia depois da morte de ‘Neném’, bandidos fortemente armados invadiram um conjunto residencial do programa federal ‘Minha Casa, Minha Vida’, localizado na Rua C e que foi batizado por invasores como ‘Babilônia’.
O grupo foi até o bloco 13, arrombou a porta de um dos apartamentos e fuzilou dois homens, identificados pela Polícia como José Agenor Ferreira dos Santos e Francisco Edilberto Januário de Melo.
No dia seguinte (8), domingo, mais violência no Condomínio ‘Babilônia’. Um tiroteio ali matou João Victor Silva Soares e deixou uma criança de 8 anos ferida. Menos de 24 horas depois, já no dia 9, mais duas pessoas foram assassinadas. Uma delas, uma mulher identificada como Valéria Paiva Brito.
Não muito longe dali, bandidos fuzilaram um rapaz identificado como Renato Bezerra Costa, que era lutador de artes marciais. Para simular um crime de latrocínio e confundir os investigadores, os assassinos roubaram a moto e objetos pessoais da vítima, entre eles, seu quimono.
Já na terça-feira (10), foram mais três assassinatos. Um jovem, identificado somente por Sérgio, foi fuzilado na Rua Moacir Marques. Em seguida, Fabiano Geraldo da Silva também foi morto com vários tiros.
O terceiro crime ocorreu um pouco mais distante, na Rua Bernardo Manuel, onde outro traficante de drogas, identificado como Paulo Roberto de Sousa Santiago, o ‘Paulinho’ sofreu uma emboscada quando dirigia seu veículo. Ele foi atingido por vários tiros e morreu no hospital.
Sequência
Depois de uma trégua de apenas três dias, a violência voltou a deixar sua marca no Barroso, quando mais uma pessoa foi executada. Tratava-se de José Eduardo Ribeiro da Silva, vítima de vários tiros.
Dois dias depois, um adolescente, que não portava documentos nem foi ainda identificado, foi executado com vários tiros de pistola, por volta de 8 horas, quando transitava pela Rua Elaine Cavalcante.
A sequência de execuções sumárias no bairro teve mais um capítulo na última terça-feira (17), quando um homem de 32 anos, identificado como Carlos Henrique Rocha Ferreira, conhecido por ‘Caíque’, foi assassinado com 11 tiros - a maioria nas costas em seu estabelecimento comercial, um lava-jato situado a poucos metros do cemitério Parque da Paz, na Avenida Presidente Juscelino Kubitschek. Um homem sozinho praticou o crime.
Segundo a Polícia, ‘Caíque’ comercializava também roupas. Testemunhas contaram que o assassino chegou, entrou no lava-jato e perguntou quem era o ‘Caíque’. O comerciante respondeu e o desconhecido simulou que ia embora. Deu três passos para frente, virou-se e começou a atirar contra a vítima, sem nenhuma discussão entre os dois.
Para a Polícia, essas evidências deixam claro que se tratou de mais uma execução sumária. No dia seguinte, mais um crime aconteceu no bairro.
Investigação
Todos os 13 crimes estão todos sendo investigados pela equipe da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), pelo fato de não ter sido ainda esclarecida a sua autoria.
Uma das tarefas dos inspetores daquela Especializada é tentar descobrir se há verdadeiramente uma conexão entre todos os 13 assassinatos. Nos locais dos crimes a Perícia Forense recolher projéteis que começarão a ser analisados através de exames balísticos.
Reforçou
Por conta da onda de mortes no bairro, o Comando do Policiamento da Capital (CPC) reforçou a segurança ali, com patrulhas dos batalhões Rondas de Ações Intensivas e Ostensivas (BPRaio) e de Polícia de Choque (BPChoque). À exemplo do Genibaú, Barra do Ceará, São Miguel, Palmeiras, José Walter, Planalto Ayrton Sena e Grande Bom Jardim, o Barroso é um dos mais violentos da cidade.
AUTOR: DN
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