É mostrando rosto e nome que Ana Kátia Martins faz questão de denunciar os abusos que sofreu e testemunhou no espaço religioso comandado por Francisco Aucivan Pereira Linhares — pai de santo preso na última sexta-feira, 26, por crimes sexuais, em Ibiapina, a 303 km da Capital.
Umbandista "desde criança", ela diz ter ido ao espaço pela primeira vez há cerca de cinco meses. "Pai Francisco" trabalharia com atendimentos individuais em um quarto nos fundos da casa. Neste espaço, Kátia diz que mulheres — incluindo, adolescentes — chegavam a ficar lá por duas horas. Foi na segunda ida à casa que Kátia viu materializar o abuso. "Ele dizia que se a gente o beijasse ganharíamos 'poder'. Não existe isso! E ele fazia isso à força. E não foi só comigo, foi com muita gente".
Apesar disso, Kátia diz ter continuado a ir no local para se assegurar da existência de abusos. "E sempre via coisa errada. Não adiantava a gente estar falando porque tem gente que fica cego". Conforme narra, o religioso sempre dizia que a entidade que incorporaria exigia atos libidinosos.
Mesmo quando dopava a vítima, dando bebida, ele se usava da entidade, afirma Kátia. "Tem gente que 'teve relação' e está com medo de falar. Teve gente que fez o depoimento, saiu da delegacia e disse que tinha mentido, com medo". Entre as denúncias registradas na Polícia Civil ainda está o caso de uma mulher que teria adormecido após ingerir bebida dada pelo pai de santo. Ao acordar e ir ao banheiro, ele percebeu que havia esperma em sua vagina.
O acompanhamento das ilegalidades acabou, porém, quando ela presenciou um fato "gravíssimo" — que se nega a falar por não ter permissão da vítima. "Foi daí que eu parei de ir e liguei para o Disque 100".
Kátia conta que os últimos dias têm sido difíceis. Com lágrimas no rosto, fala das ameaças que fazem com que ela tenha medo de sair de casa. "(Dizem) Se a gente continuar com denúncias 'não vai dar certo'. Vão mandar pegar a gente". Apesar disso, ela se mostra resistente em sua fé e pede que as vítimas denunciem os casos.
A informação de que vítimas e testemunhas que denunciaram o abuso sexual estão sendo ameaçadas e coagidas a mudar depoimento é confirmada pelo escrivão de Polícia Civil, Aderson de Oliveira, que acompanha o caso.
Mensagens enviadas aos celulares das mulheres são investigadas. Quatro vítimas já representaram contra Francisco. A Polícia, no entanto, já identificou outras mulheres que teriam sido abusadas e está tomando o depoimento delas. O POVO apurou que uma adolescente que teria sido estuprada e chegado a engravidar do pai de santo negou as acusações de abuso. O inquérito deve ser concluído na segunda-feira, 5.
Investigação
Francisco Alcivan Pereira Linhares foi preso na tarde da última sexta-feira, 26. A Polícia investiga possíveis vítimas em Ipu. O inquérito aguarda exame da Perícia Forense.
AUTOR: O POVO
O acompanhamento das ilegalidades acabou, porém, quando ela presenciou um fato "gravíssimo" — que se nega a falar por não ter permissão da vítima. "Foi daí que eu parei de ir e liguei para o Disque 100".
Kátia conta que os últimos dias têm sido difíceis. Com lágrimas no rosto, fala das ameaças que fazem com que ela tenha medo de sair de casa. "(Dizem) Se a gente continuar com denúncias 'não vai dar certo'. Vão mandar pegar a gente". Apesar disso, ela se mostra resistente em sua fé e pede que as vítimas denunciem os casos.
A informação de que vítimas e testemunhas que denunciaram o abuso sexual estão sendo ameaçadas e coagidas a mudar depoimento é confirmada pelo escrivão de Polícia Civil, Aderson de Oliveira, que acompanha o caso.
Mensagens enviadas aos celulares das mulheres são investigadas. Quatro vítimas já representaram contra Francisco. A Polícia, no entanto, já identificou outras mulheres que teriam sido abusadas e está tomando o depoimento delas. O POVO apurou que uma adolescente que teria sido estuprada e chegado a engravidar do pai de santo negou as acusações de abuso. O inquérito deve ser concluído na segunda-feira, 5.
Investigação
Francisco Alcivan Pereira Linhares foi preso na tarde da última sexta-feira, 26. A Polícia investiga possíveis vítimas em Ipu. O inquérito aguarda exame da Perícia Forense.
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