Dados da Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social do Ceará (SSPDS) confirmaram o que já se sabia: grande parte dos locais onde as drogas estão presentes de maneira intensa possui estrutura urbana precária e serviços básicos, na maioria das vezes, deficientes. Bairros como José Walter, Jangurussu, Messejana e Vicente Pinzón lideram as apreensões de drogas. No entanto, locais que abrigam classes mais abastadas, como a Cidade dos Funcionários, também estão nesta lista.
Segundo as informações apresentadas durante encontro que discutiu a drogadição, ocorrido ontem, na Procuradoria-Geral de Justiça (PGJ), os bairros em que ocorreram o maior número de apreensões de cocaína foram o Jangurussu, o Conjunto Palmeiras e o Coaçu, os três na Grande Messejana. Já em relação ao crack, foram o Montese, o José Walter e o Jangurussu. Messejana, Cidade dos Funcionários e Vicente Pinzón lideraram as apreensões de maconha.
Os dados, segundo especialistas que participaram do evento, mostram a estreita relação entre os entorpecentes e os constantes homicídios na cidade. De acordo com a vice-procuradora-geral de Justiça, Eliani Nobre, o número de homicídios é maior nas áreas em que existe mais apreensão de entorpecentes.
Transtornos
Essas informações foram divulgadas durante a apresentação de um mapeamento do Ministério Público do Estado do Ceará sobre a influência das drogas na saúde mental das pessoas. Os dados do MP mostram que 6% da população é acometida por transtornos mentais, devido ao uso de álcool e drogas. "São cerca de 491.177 cearenses que têm sofrimento psíquico em consequência do uso de drogas e álcool, de acordo com estimativas do Ministério da Saúde", afirma Eliane Nobre, que preside o Comitê Estadual de Enfrentamento às Drogas do MP.
Todas essas informações foram discutidas com entidades da sociedade civil e representantes das secretarias de Saúde, de Segurança do Estado e da Secretaria de Direitos Humanos de Fortaleza.
Segundo o diretor da Divisão de Proteção ao Estudante da Polícia Civil do Ceará, delegado Germano Camelo, de janeiro a setembro, a Polícia Militar apreendeu 25 mil gramas de cocaína e oito mil gramas de crack. "Nós falamos em gramas, porque se consome assim e não em quilos".
Outro palestrante no evento, o presidente do Conselho Estadual de Políticas sobre Drogas do Ceará, major Edson Edalcio Aragão Silva, também chamou a atenção para o papel da Polícia Militar no combate ao uso das substâncias.
"Nós atuamos para que as drogas sejam desinteressantes financeiramente para o traficante, por isso fazemos as apreensões de drogas e prendemos os líderes e confiscamos o seu patrimônio", destaca.
A médica psiquiatra Marluce Vieira, que também é mestre em Saúde Pública, participou da elaboração do estudo para a criação do Comitê, e avalia que a drogadição é um reflexo das mudanças que contemporaneidade impôs à sociedade.
"Acredito que o consumo de drogas esteja ligado a uma série de fatores. Entre eles, está a falta de limites, a liquidez da vida, que exige que as pessoas tenham tudo em pouco tempo, a falta de habilidade para conviver em sociedade e o declínio da autoridade e a incapacidade para sofrer", explica a psiquiatra. No dia 4 de dezembro, ocorre novo encontro em Tianguá.
Sofrimento
491 mil cearenses passam, hoje, por transtornos mentais devido ao uso de drogas. O quantitativo corresponde a 6% da população do Estado
Campanha utiliza as redes sociais
Imagem compartilhada no Facebook, no último domingo, iniciou uma campanha, em Fortaleza, cujo objetivo é alertar contra o uso das drogas. Isso foi possível porque o empresário Venício Guimarães, 50 anos, divulgou uma foto junto ao filho, usuário de crack, desaparecido e assassinado por causa da substância.
O filho de Venício desapareceu e depois foi assassinado por causa do crack. Para alertar outros pais, ele criou o movimento “Acorda, juventude” Foto: Tuno Vieira
De acordo com o empresário, até ontem, a foto teve mais de 80 mil compartilhamentos no site, uma surpresa para ele, que não imaginava tamanha repercussão. “Quando vi as pessoas lutando e se solidarizando comigo, fiquei muito emocionado”, diz.
Venício conta que o filho, Thiago Montezuma Guimarães, de 30 anos, era usuário de maconha desde os 14 anos e, durante a juventude e a fase adulta, se envolveu com drogas mais pesadas, como cocaína e crack. Apesar das tentativas, Thiago não conseguiu abandonar o vício.
Repercussão
"Recebi mensagens de apoio e consolo, principalmente de pessoas que passaram pela mesma situação e sofrimento que eu”, conta. Por causa da repercussão da foto, Venício decidiu criar a campanha “Acorda, Juventude”, uma maneira de compartilhar sua história e fazer com que as pessoas saibam o mal que as drogas causam. “Também é uma forma de diminuir minha dor, porque, mostrando o que eu passei, talvez os filhos pensem antes de se envolver com coisas ruins. Para mim, chegar até aqui e atingir milhares de pessoas já valeu a pena”, explica. Venício acrescenta que, se uma só pessoa abandonar as drogas por causa do alcance campanha, todo o esforço já terá valido a pena.
Na opinião do professor de Comunicação da Universidade Federal do Ceará (UFC), Jamil Marques, usar a internet para iniciar campanhas dá certo, mas é fundamental reconhecer que ela é apenas um instrumento e quem confere alcance ao tema é o usuário.
“Os usuários decidem o que expor. Na internet, posso compartilhar coisas boas e ruins. Um exemplo é que, da mesma forma que existem campanhas contra as drogas, há oportunidades que usam a rede para facilitar a venda delas”, explica Marques.
Segundo as informações apresentadas durante encontro que discutiu a drogadição, ocorrido ontem, na Procuradoria-Geral de Justiça (PGJ), os bairros em que ocorreram o maior número de apreensões de cocaína foram o Jangurussu, o Conjunto Palmeiras e o Coaçu, os três na Grande Messejana. Já em relação ao crack, foram o Montese, o José Walter e o Jangurussu. Messejana, Cidade dos Funcionários e Vicente Pinzón lideraram as apreensões de maconha.
Os dados, segundo especialistas que participaram do evento, mostram a estreita relação entre os entorpecentes e os constantes homicídios na cidade. De acordo com a vice-procuradora-geral de Justiça, Eliani Nobre, o número de homicídios é maior nas áreas em que existe mais apreensão de entorpecentes.
Transtornos
Essas informações foram divulgadas durante a apresentação de um mapeamento do Ministério Público do Estado do Ceará sobre a influência das drogas na saúde mental das pessoas. Os dados do MP mostram que 6% da população é acometida por transtornos mentais, devido ao uso de álcool e drogas. "São cerca de 491.177 cearenses que têm sofrimento psíquico em consequência do uso de drogas e álcool, de acordo com estimativas do Ministério da Saúde", afirma Eliane Nobre, que preside o Comitê Estadual de Enfrentamento às Drogas do MP.
Todas essas informações foram discutidas com entidades da sociedade civil e representantes das secretarias de Saúde, de Segurança do Estado e da Secretaria de Direitos Humanos de Fortaleza.
Segundo o diretor da Divisão de Proteção ao Estudante da Polícia Civil do Ceará, delegado Germano Camelo, de janeiro a setembro, a Polícia Militar apreendeu 25 mil gramas de cocaína e oito mil gramas de crack. "Nós falamos em gramas, porque se consome assim e não em quilos".
Outro palestrante no evento, o presidente do Conselho Estadual de Políticas sobre Drogas do Ceará, major Edson Edalcio Aragão Silva, também chamou a atenção para o papel da Polícia Militar no combate ao uso das substâncias.
"Nós atuamos para que as drogas sejam desinteressantes financeiramente para o traficante, por isso fazemos as apreensões de drogas e prendemos os líderes e confiscamos o seu patrimônio", destaca.
A médica psiquiatra Marluce Vieira, que também é mestre em Saúde Pública, participou da elaboração do estudo para a criação do Comitê, e avalia que a drogadição é um reflexo das mudanças que contemporaneidade impôs à sociedade.
"Acredito que o consumo de drogas esteja ligado a uma série de fatores. Entre eles, está a falta de limites, a liquidez da vida, que exige que as pessoas tenham tudo em pouco tempo, a falta de habilidade para conviver em sociedade e o declínio da autoridade e a incapacidade para sofrer", explica a psiquiatra. No dia 4 de dezembro, ocorre novo encontro em Tianguá.
Sofrimento
491 mil cearenses passam, hoje, por transtornos mentais devido ao uso de drogas. O quantitativo corresponde a 6% da população do Estado
Campanha utiliza as redes sociais
Imagem compartilhada no Facebook, no último domingo, iniciou uma campanha, em Fortaleza, cujo objetivo é alertar contra o uso das drogas. Isso foi possível porque o empresário Venício Guimarães, 50 anos, divulgou uma foto junto ao filho, usuário de crack, desaparecido e assassinado por causa da substância.
De acordo com o empresário, até ontem, a foto teve mais de 80 mil compartilhamentos no site, uma surpresa para ele, que não imaginava tamanha repercussão. “Quando vi as pessoas lutando e se solidarizando comigo, fiquei muito emocionado”, diz.
Venício conta que o filho, Thiago Montezuma Guimarães, de 30 anos, era usuário de maconha desde os 14 anos e, durante a juventude e a fase adulta, se envolveu com drogas mais pesadas, como cocaína e crack. Apesar das tentativas, Thiago não conseguiu abandonar o vício.
Repercussão
"Recebi mensagens de apoio e consolo, principalmente de pessoas que passaram pela mesma situação e sofrimento que eu”, conta. Por causa da repercussão da foto, Venício decidiu criar a campanha “Acorda, Juventude”, uma maneira de compartilhar sua história e fazer com que as pessoas saibam o mal que as drogas causam. “Também é uma forma de diminuir minha dor, porque, mostrando o que eu passei, talvez os filhos pensem antes de se envolver com coisas ruins. Para mim, chegar até aqui e atingir milhares de pessoas já valeu a pena”, explica. Venício acrescenta que, se uma só pessoa abandonar as drogas por causa do alcance campanha, todo o esforço já terá valido a pena.
Na opinião do professor de Comunicação da Universidade Federal do Ceará (UFC), Jamil Marques, usar a internet para iniciar campanhas dá certo, mas é fundamental reconhecer que ela é apenas um instrumento e quem confere alcance ao tema é o usuário.
“Os usuários decidem o que expor. Na internet, posso compartilhar coisas boas e ruins. Um exemplo é que, da mesma forma que existem campanhas contra as drogas, há oportunidades que usam a rede para facilitar a venda delas”, explica Marques.
O professor de Comunicação também destaca que os usuários das redes sociais são pessoas que têm acesso à informação. Dessa maneira, eles têm consciência que o crack mata e destrói, o que falta é uma decisão de ficar longe da droga.
AUTOR: DN
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