O trânsito do Ceará foi o responsável por 11.169 hospitalizações durante o ano de 2011, levando o Estado a ocupar a terceira posição do País no ranking de internações dessa categoria. Em primeiro lugar vem São Paulo, com 41.591 internações, e em seguida o Estado de Minas Gerais, com 17.380. Os dados foram divulgados, ontem, pelo Ministério da Saúde, que apontam como a violência no trânsito reflete diretamente no Sistema Único de Saúde (SUS).
Essas internações no Ceará custaram R$ 10,1 milhões aos cofres públicos federais. Em todo o País, foram 155 mil hospitalizações no SUS em decorrência de acidentes de trânsito, com um custo total de R$ 200 milhões somente em 2011. De acordo com o Ministério da Saúde, o valor leva em consideração apenas as internações na rede pública hospitalar, sem avaliar os custos com atendimentos imediatos às vítimas realizados pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgências (Samu) e nas Unidades de Pronto Socorro e Pronto Atendimento, além da reabilitação às vítimas por meio da realização de consultas, exames, fisioterapias, entre outros.
Esse gasto, de fato, se mostra um peso forte para a saúde pública no Estado, conforme aponta o coordenador de promoção e proteção à saúde da Secretaria da Saúde do Estado do Ceará (Sesa), Manuel Fonseca, levando em conta o alto custo, o tempo de tratamento das vítimas e o grande número de profissionais envolvidos.
Fraturas
"Todo acidente, normalmente, tem um tempo de permanência hospitalar muito longo, principalmente acidentes com fraturas, lesões na perna ou na cabeça, que além do custo com atendimento imediato, às vezes é preciso mais de uma cirurgia, já que os ferimentos são muito violentos", destaca.
As internações acabam refletindo, também, no número de vítimas fatais no Estado do Ceará. Conforme Manuel Fonseca, os acidentes de trânsito já representam a terceira maior causa de mortes no Estado do Ceará, ficando atrás apenas das doenças cardiológicas e do câncer.
Além disso, ressalta ele, entre as mortes violentas, os acidentes com veículos já aparecem em primeiro lugar, superando até mesmo os homicídios. Só em 2010, o trânsito no Ceará foi o responsável pela morte de 2.065 pessoas.
Para o médico, a implantação da "Lei Seca" teve influência positiva no sentido de reduzir o número de acidentes, no entanto, afirma ele, uma educação para o trânsito relacionada ao comportamento dos condutores se mostra uma questão essencial.
"A própria população precisa se educar, principalmente os motociclistas, já que o número de acidentes com motos é muito grande. Muitos não usam capacete e são imprudentes", disse.
A Lei 12.760, que torna a "Lei Seca" mais rígida para quem for pego dirigindo sob o uso de álcool, foi sancionada pela presidenta Dilma Rousseff e publicada no Diário Oficial da União na última sexta-feira (21). A lei permite o depoimento de testemunhas, exame clínico, imagens e vídeos como meios de provas para confirmar o estado de embriaguez do condutor. Neste caso, quem for pego nestas condições terá a carteira de habilitação apreendida e o veículo retido.
O motorista que for flagrado sob efeito do álcool fica sujeito, ainda, à aplicação de multa que mudou de R$ 957,70 para R$ 1.915,40 e à suspensão do direito de dirigir pelo período de um ano. Em caso de reincidência, o valor da multa dobrará.
SAIBA MAIS
Ranking nacional
1º São Paulo
Internações: 41.591
Gastos: R$ 58,6 milhões
2ºMinas Gerais
Internações: 17.380
Gastos: R$ 31,5 milhões
3º Ceará
Internações: 11.169
Gastos: R$ 10,1 milhões
4º Rio de Janeiro
Internações: 10.264
Gastos: R$ 13 milhões
5º Paraná
Internações: 8.900
Gastos: R$ 13,7 milhões
Ceará recebe R$ 500 mil para o "Vida no Trânsito"
O Ministério da Saúde intensificou as ações do projeto "Vida no Trânsito", repassando um totoal de R$ 12,8 milhões, no mês de setembro, para o País aplicar no projeto. Desse valor, R$ 500 mil foram destinados ao Ceará. No total, 27,7 milhões já foram liberados para investimentos em todo o Brasil.
A qualificação dos sistemas de informação sobre acidentes, feridos e vítimas fatais é uma das ações do "Vida no Trânsito". Os gestores de saúde podem identificar, com o banco de dados atualizado, fatores de risco, como por exemplo o excesso de velocidade e a associação entre álcool e direção, os grupos de vítimas mais vulneráveis nos respectivos municípios, além dos locais onde é maior o risco de acidentes.
Os municípios devem desenvolver programas e projetos de intervenção para reduzir fatores e pontos críticos de ocorrência desses acidentes. As medidas são desenvolvidas pelos sistemas da saúde, transporte e trânsito, segurança pública e privada, entre outros, de forma integrada. Lançado de forma pioneira em Curitiba, Palmas, Teresina, Campo Grande e Belo Horizonte, o Vida no Trânsito, hoje, está em todas as capitais do País.
AUTOR: DN
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