As gravações mostram como os policiais ajudavam os ladrões a executar os crimes. Em alguns casos, eles forneciam armamentos e cobertura, desviando o foco de unidades da Polícia Militar das áreas onde ocorreriam as explosões de carros.
Em uma das gravações, um ladrão combina um roubo com um policial e pede uma espingarda. Na gíria de ambos, segundo a polícia, eles chamam a arma de “bocuda”.
Ladrão: hein, hein fio?
PM: Oi.
Ladrão: Vai sair aquela "bocuda" lá?
PM: Se quiser, vai
Ladrão: Então, firmeza
O policial ainda tranquiliza o ladrão sobre a presença de outros PM’s na região. Naquele dia, o grupo explodiu caixas eletrônicos em Colombo, na Região Metropolitana de Curitiba.
Ladrão: As duas que tavam aqui tão fechado?
PM: Sim, s... sim, sim, sim
Ladrão: Então, firmeza
Outra tática comum dos criminosos era inventar emergências policiais. Com isso, as equipes eram deslocadas para uma determinada área, enquanto eles agiam em outra.
PM: Polícia Militar, emergência.
Ladrão 1: Eu acabei de ver três rapazes desmanchando um carro aqui na estrada do Pernambuco aqui em Rio Branco [do Sul] (...) é uma ruazinha escondida, mas todo mundo sabe onde é.
Logo em seguida, ele avisa um dos comparsas.
Ladrão 1: Eu já abri a ocorrência lá no meio do mato pros cara, entendeu?
Ladrão 2: Aham (...) podemos descer a marreta, então?
Na mesma noite, ao tentar arrombar a agência, o alarme disparou. O policial que ajudou o grupo não quis saber do problema e cobrou resultados dos assaltantes.
Ladrão 1: Nós demos uma marretada no bagulho e berrou o alarme. e daí?
PM: Parou. (...) se vc ver que não vai dar mesmo, que f***, vai na frente lá e estoura a frente.
Aquela noite terminou com uma troca de tiros entre os policiais que monitoravam as ligações e os ladrões. Na fuga, um carro que dava cobertura aos criminosos capotou. O delegado Luiz Alberto Cartaxo, que acompanhava as investigações ficou espantado com o que encontrou no veículo. “Para nossa surpresa, dentro havia um PM e o irmão de outro PM”, diz.
As investigações contra o grupo levaram seis meses. Apesar das prisões, os sete policiais militares detidos foram soltos. Conforme o Comando da Polícia Militar do Paraná, eles foram afastados das atividades da corporação. No entanto, ninguém quis comentar o assunto. Se condenados, eles podem ser expulsos da polícia.
AUTOR: G1/PR
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