Nos grampos, os presos chegam a ligar para uma rádio. “Boa tarde, eu gostaria de pedir uma música. De Zeca Pagodinho. Aquela que canta, eu bato o meu tambor, é pra Ogum de São Jorge...”, diz o preso em uma das escutas.
Um dos detentos chega a pedir uma música “pro pessoal que tá privado de liberdade, no Plácido de Sá Carvalho”, referindo-se a um presídio de Bangu.
Os presos não usam o celular na cadeia apenas por diversão. Não é de hoje que policiais descobrem que, lá de dentro, eles fazem ligações e aplicam o golpe do falso sequestro. Os detentos se sentem tão à vontade que criaram até um disque-drogas para consumo próprio.
Numa das conversas, dois presos, em alas diferentes, negociam cocaína.
“Manda pó mesmo. Três ou quatro gramas. Pode mandar despreocupado que o dinheiro vem amanhã”, afirma um deles.
“Quem efetuava a compra das drogas era a família dos presidiários, que se encarregavam de entrar com o entorpecente na cadeia. Isso era uma coisa constante e a droga era embalada dentro da cela”, informou o delegado Márcio Mendonça.
A informação do delegado é confirmada em uma das conversas, em que o preso diz que estava ocupado “embalando pó”.Numa outra gravação, o preso acompanha como anda a conta bancária. Depois, consulta o andamento de um processo na Justiça.
Em apenas 15 dias de monitoramento, ele fez, da cadeia, 5 mil ligações.
No início da semana, os policiais fizeram uma devassa em três celas do presídio Plácido Sá Carvalho. Cerca de 300 presos foram obrigados a ficar na área do banho de sol.
“Os telefones começaram a tocar dentro dos colchões. Eles faziam buracos dentro da parede e com uso de pasta de dente e de tinta eles pintavam o local”, revelou o delegado Márcio Mendonça.
Os agentes encontraram nos buracos e nos colchões 17 celulares, 35 chips, 22 carregadores, drogas prontas para a venda e R$ 3 mil.
Foram presos a mulher e o cunhado de um dos presidiários e um outro cúmplice.
Os 11 detentos suspeitos de fazer parte do esquema acabaram transferidos para o presídio Bangu 1, onde estão em celas individuais. Mas a Chefia de Polícia Civil quer levá-los para uma penitenciária federal de segurança máxima, fora do estado.
O secretário de Administração Penitenciária, César Rubens Monteiro de Carvalho divulgou nota listando os equipamentos usados para impedir a entrada de celulares e drogas nos presídios do Rio. São detectores de metais, raio-x de bagagem e um scanner corporal. Mas o secretário ressalvou que a utilidade desses equipamentos depende da boa conduta dos agentes penitenciários que os operam.
FONTE: JORNAL NACIONAL
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