terça-feira, 21 de janeiro de 2025

EM GROAÍRAS (CE), EX-SUBSECRETÁRIO DE CULTURA É CONDENADO POR LIDERAR FACÇÃO COMANDO VERMELHO; SAIBA QUEM É O RÉU

 

Naldinho foi preso em 2023, em uma operação interestadual entre as polícias do Ceará e do Rio de Janeiro Foto: Reprodução

A Justiça do Ceará decidiu condenar Francisco Erinaldo Ximenes Firmo, o 'Nandinho Fechadasso' ou 'Dj Naldinho' por integrar organização criminosa. Erinaldo já foi subsecretário de Cultura em Groaíras, no Interior do Ceará, e chegou a se candidatar para vereador na cidade.

De acordo com o Ministério Público do Ceará (MPCE), o denunciado exercia cargo de liderança na facção carioca Comando Vermelho (CV). Conforme sentença proferida pelos juízes da Vara de Delitos de Organizações Criminosas, no dia 14 de janeiro de 2025 e publicada no Diário da Justiça da última sexta-feira 17, a pena para o acusado é de nove anos e sete meses de prisão, em regime inicialmente fechado. A defesa dele não foi localizada pela reportagem, e o espaço segue aberto para manifestações futuras.

Ao condenado foi negado direito de recorrer em liberdade, apontando os magistrados que "o réu é apontado como liderança do Comando Vermelho, ou seja, liderança responsável criminalmente por crime de organização criminosa, restando demonstrada a necessidade de se manter a segregação cautelar, pois a sua soltura representa abalo à ordem pública".

Também consta na sentença que "muito embora, à época dos fatos, ocupasse o cargo de Subsecretário de Cultura de Groaíras, isso não impedia Francisco Erinaldo de atuar em favor dos interesses da organização criminosa Comando Vermelho, fato este que é de conhecimento de seus companheiros de trabalho. Em certo momento do áudio supramencionado, o acusado relata que certa vez, a Polícia Civil se deslocou até as dependências do seu local de trabalho e as meninas que lá trabalham lhe relataram que nada disseram a seu respeito, pois lá todo mundo o conhecia e temia", conforme trecho de uma conversa extraída a partir da quebra do sigilo telemático.

Na mesma decisão, Francisco Erinaldo foi inocentado pelos crimes de tráfico de drogas e associação para o tráfico

Outro réu do mesmo processo é Daniel Bento de Souza, o 'Tafé'. Ele chegou a ser apontado como parceiro direto de 'Naldinho Fechadasso', mas inocentado, pois os juízes consideraram as provas insuficientes.

DIÁLOGOS SUSPEITOS

Conforme denúncia do MPCE, o inquérito foi instaurado em 2022 "para apurar a existência de uma organização criminosa voltada ao tráfico de drogas com estrutura hierárquica bem delimitada, sediada no Município de Groaíras/CE". A investigação começa a partir de uma denúncia apontando que Francisco Erinaldo havia intermediado o pagamento de aluguéis de casas para indivíduos que promoviam desordem pública e venda de drogas na cidade.

"Após uma série de investigações, foi constatado em um relatório que os membros do grupo criminoso Comando Vermelho, que se escondiam em Groaíras/CE através de"Naldinho", não apenas estavam envolvidos no tráfico de drogas, mas também praticavam extorsão e ameaças contra comerciantes, chegando ao ponto de expulsar moradores de suas casas para dominar território. Foi documentado que "Naldinho" tinha conexões pessoais e públicas com Daniel Bento de Souza, conhecido como "Tafé", também membro do Comando Vermelho, com influência tanto em Groaíras/CE quanto em Sobral/CE"
MPCE

A investigação apontou que ex-subsecretário desempenhava "um papel significativo na organização do tráfico, aplicando penalidades aos infratores e ameaçando possíveis delatores ou testemunhas de investigações criminais" e que em diversas transcrições, 'Naldinho Fechadasso' se apresenta como chefão do tráfico de drogas inserido dentro de uma hierarquia específica de comando".

A acusação diz ainda que no decorrer dos diálogos periciados, o condenado "assume expressamente que planeja o homicídio de uns quatro indivíduos (não menciona nomes), mas que encontra dificuldades na execução da referida ação, uma vez que isso chamaria a atenção da Segurança Pública".
Naldinho foi preso em 2023, em uma operação interestadual entre as polícias do Ceará e do Rio de Janeiro

PROVAS

Conforme documentos que a reportagem teve acesso, a defesa de Francisco Erinaldo apresentou memoriais finais contestando a narrativa dos fatos apresentada pelo Ministério Público, argumentando que os eventos não ocorreram conforme descritos na denúncia e pedindo a absolvição do réu por insuficiência de provas.

Segundo a sentença, para os magistrados da Vara de Delitos de Organizações Criminosas, "tais elementos demonstram diretamente que o acusado integrava a organização criminosa Comando Vermelho e que exercia comando sob outros integrantes do grupo criminoso, sendo a condenação a medida de justiça que ora se impõe".

O colegiado de juízes diz ainda que no aparelho celular apreendido junto ao acusado não foram encontrados elementos que ligassem ele ao tráfico de drogas, "apesar do robusto material, é evidente que o réu de fato tem conhecimento de delitos praticados por membros da organização criminosa, aqui cito, por exemplo, crimes de homicídios, estupros e etc., mas não há nenhum fato que comprove a tese sustentada".

FONTE: DN

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