domingo, 6 de setembro de 2015

POLÍCIA DÁ DICAS DE COMO ESCAPAR DE 'GOLPES' TELEFÔNICOS

O delegado titular da Delegacia de Defraudações e Falsificações, Jaime Paula Pessoa Linhares, afirma que a ansiedade tem que ser controlada. (Foto: JL Rosa)

Um dos crimes mais comuns praticados ultimamente movimenta um mercado milionário sem precisar tocar em uma arma sequer. As fraudes através de ligações ou mensagens telefônicas conseguem tomar das vítimas altas quantias apenas na base da conversa. O estrago, além de financeiro, é também psicológico. As vítimas, conforme a Polícia, demonstram abatimento e desânimo, além de propensão a desenvolvimento de males psicológicos, causados pela vergonha de ter que admitir ter sido iludido por um falsário.

Não importa qual tenha sido a situação: uma promoção de apartamento, uma premiação em dinheiro, uma ação judicial que foi ganha, um parente que foi sequestrado, um conhecido que está com problemas no automóvel. Em todos estes casos, a principal orientação é procurar a Polícia o quanto antes, para que haja tempo hábil para localizar as quadrilhas.

Obviamente não há como prever nem estar 100% fora do alcance dos bandidos. Contudo, há maneiras de tentar evitar o contato que, se ainda não for prevenido, ainda poderá ser, pelo menos, remediado.

Razão e emoção

Para o delegado titular da Delegacia de Defraudações e Falsificações (DDF), Jaime Paula Pessoa Linhares, é preciso que as pessoas controlem as emoções. Ele explica que na unidade policial há recorrentes casos de pessoas que foram iludidas pela promessa de casas, carros e dinheiro, e que tiveram de fazer depósitos milionários para receber os tais prêmios.

"O golpista diz que a pessoa foi sorteada por um programa de TV, por uma marca famosa, uma loja de eletrodomésticos, uma operadora de telefonia. Ele pega o gancho de um sorteio real e monta um golpe em cima. Ele noticia que a pessoa foi sorteada e pede uma contrapartida. Mas quem tem algo a receber em premiação não tem o que pagar. Se você foi sorteado ou beneficiado em uma ação judicial, não tem motivo par a dar uma contrapartida. Você foi sorteado, você não paga. Não precisa. O golpista, principalmente, pede um retorno em dinheiro ou crédito de celular. As pessoas têm que ter essa consciência, de que isso não faz o menor sentido", afirmou.

Se é difícil controlar o coração quando se fala de bens materiais, a situação se complica quando o golpista toca no bem mais precioso de muitos, que é a família. Linhares destaca que é preciso controlar as emoções e, especificamente nos casos de falso sequestro, demonstrar frieza e não fornecer nomes.

"Nunca conclua pagamento, informação dos dados, sem ter a oportunidade de confirmar a ligação. Contenha a ansiedade e procure se certificar se aquela ligação é procedente. Você não deve acreditar na primeira ligação como verdadeira, seja de quem for, partindo de onde partir. Nem fornecer seus dados ou fazer depósito bancário. Se a vítima conseguir se conter, vamos matar os golpes em 99%, pois eles só têm sucesso em cima da ansiedade. Geralmente eles ligam chamando por algum parente e a vítima responde dizendo um nome. Não responda fornecendo um dado seu ou mostrando com quem você pensa estar falando", orientou.

O delegado citou um caso recente em que a vítima teve um prejuízo de mais de R$ 440 mil. Os bandidos a fizeram acreditar que receberia R$ 2 milhões de um processo judicial.

"Eles surrupiam dados de órgãos públicos e ligam dizendo que a vítima tem um benefício a receber. Os golpistas alegam que são do gabinete do desembargador ou do juiz. Mas o Judiciário não liga para a parte informando de decisão nenhuma. Essa mulher acreditou em uma estória que começou com uma bonificação de R$ 70 mil e chegou ao limite de R$ 2 milhões. E os golpistas a forçando a fazer os depósitos. Somando todas as vezes em que ela precisou repassar dinheiro à quadrilha, sem ter visto nada do que eles prometiam, foram R$ 446 mil em prejuízo".

Em casos assim, o titular da DDF orienta as pessoas a procurarem o advogado contratado para dar entrada no processo judicial, caso o procedimento realmente exista, e não acreditar nas ligações suspeitas.

A Polícia confirma que tais ligações, bem como as incômodas mensagens de texto relatando falsas premiações, são realizadas e enviadas de dentro dos presídios. "Os golpes que são praticados através de ligações telefônicas são das mais variadas formas, e oriundos do interior dos presídios, comprovadamente, pois para a aplicação desses golpes o golpista precisa de tempo. E ao presidiário o que não falta é tempo. Em um dia, são de 300 a 400 ligações", disse Linhares.

O delegado fez uma revelação curiosa. Nem mesmo quem já está preso escapa de ser vítima desta modalidade criminosa. Familiares de pessoas detidas procuraram a DDF para relatar que também foram vítimas de golpes que foram aplicados utilizando ligações telefônicas.

"Eles ligam para as famílias dos presos dizendo que são do Ministério Público ou alguma autoridade policial, e que é preciso fazer depósito da fiança do preso. O golpista dá uma conta de pessoa física para fazer o depósito. O básico: delegacia, autoridade policial, Ministério Público, o Judiciário, não ligam cobrando pagamento", ressaltou.

Dicas

Além de todas as sugestões dadas pelo delegado, a tecnologia também pode ser aliada para evitar cair em golpes.

Uma alternativa são os aplicativos para smartphone. O Whitepages Ident & Bloq Chamadas, que é gratuito, identifica possíveis ligações inconvenientes ou de extorsão. O programa está disponível para sistema Android e há expectativa de liberação também para iOS em breve.

Outra opção é pesquisar na internet pelo número que fez a chamada. O site Não Perturbe é referência em armazenar chamadas identificadas como irritantes ou fraudulentas.

"Não acredite nas informações, desconfie sempre. Não faça depósitos, não forneça dados. Se for preciso, perca um pouco mais de tempo em uma agência bancária para confirmar algo. Controle a ansiedade. E procure a Polícia. Quanto antes tivermos a par das informações, mais rápido poderemos localizar os criminosos. Isso pode por exemplo minimizar os prejuízos e até evitar que outras pessoas se tornem novas vítimas", orientou o titular da DDF.

AUTOR: DN

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