Duas crianças, de cinco e 10 anos, morreram devido ao desabamento de lajes, em um condomínio localizado na Rua Lauro Fernandes Távora, 722, Alto da Prainha, município de Aquiraz. Pedro Henrique de Souza Maciel, 5, e Antônio William de Souza Maciel, 10, brincavam de vídeogame no quarto, quando ocorreu da tragédia.
O desabamento ocorreu por volta de 10 horas de ontem. A mãe dos meninos, Antônia Maria Silva Souza, ao ouvir o barulho, percebeu que o prédio estava desabando e tentou salvar os filhos, no entanto só conseguiu tirar o mais novo, Francisco Wellington de Souza Maciel, 5.
A criança nada sofreu e foi logo liberada, entretanto a mãe, que teve pequenas escoriações, permaneceu no Hospital Geral Manoel Assunção Pires, aguardando a chegada dos outros dois filhos, que ficaram sob os escombros. A primeira guarnição do Corpo de Bombeiros Militar chegou cerca de 30 minutos após a ocorrência.
O trabalho de remoção dos escombros foi muito demorado, principalmente por conta do material, que não podia ser retirado somente com pás. "A gente usou pás, as próprias mãos e um martelo de força", disse o capitão Humberto Carvalho, do Núcleo de Salvamento.
O primeiro corpo encontrado foi o Antônio William Maciel, 10, por volta de 12 horas. Mais de uma hora depois, os bombeiros militares encontraram o do menino mais novo.
Enquanto os bombeiros militares trabalhavam para resgatar as crianças dos escombros, uma ambulância do Grupo de Socorro de Urgência (GSU), do Corpo de Bombeiros Militar; e três do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), inclusive duas UTIs móveis ficaram postadas dentro do condomínio.
Por várias vezes, médicos, enfermeiros e auxiliares de enfermagem tiveram de atender os familiares da, entre eles Francisco Wilson Martins Maciel, pai dos meninos. O capitão Humberto Carvalho informou que "só um milagre salvaria as vidas dos meninos". Ele chorou ao ver os copos das crianças.
A família morava no primeiro andar acima do térreo. A primeira laje a cair foi a do quarto pavimento, onde o morador teria mexido na estrutura.
A reforma no apartamento do último andar, sem o menor critério técnico, já tinha acarretado infiltrações de água no prédio. As manchas eram visíveis pelo lado de fora.
O titular da Delegacia Metropolitana de Aquiraz, Tarcísio Coelho, informou que notificará o morador, do quarto andar, para que ele preste depoimento.
A autoridade policial salientou que somente o laudo pericial indicará se o que ele estava fazendo no apartamento dele resultou na tragédia.
Em alguns momentos, os policiais presentes ao local da tragédia tiveram de aumentar a área de isolamento, visto que aumentava o risco de todo o prédio desmoronar.
Assistência
No Hospital de Aquiraz, a diretora geral, Daniele Leitão Bezerra, e o diretor clínico, Fernando Marques Bandeira, reservaram uma sala para que os pais das crianças e familiares ficassem, tendo em vista que estavam bastante abalados com a tragédia.
Daniele Leitão Bezerra ressaltou que foram mobilizadas equipes de profissionais da saúde que estavam de folga, pois as informações que chegavam ao hospital davam conta que poderia ter ocorrido uma tragédia e proporções maiores. Os moradores só receberam autorização para entrar nos apartamentos, quando os trabalhos da equipe da Perícia Forense (Pefoce) foram concluídos.
Prédio estava com estrutura abalada
Há cerca de três anos, técnicos da Defesa Civil determinaram a interdição do condomínio, alegando que as estruturas estavam abaladas, oferecendo alto risco a todos os moradores.
O condomínio Alto da Prainha foi construído há mais de 30 anos. Formado por seis blocos, cada um deles com 20 apartamentos, fazendo um total de 120, sendo que 100 estavam ocupados ultimamente, segundo informações passadas pelo líder dos moradores, que se identificou por Everton da Prainha.
Ele contou que várias famílias que residiam na Favela das Treze, resolveram invadir os apartamentos porque há muito tempo estava desocupado. A ocupação ocorreu há cerca de 10 anos.
O dono do empreendimento havia falecido e ninguém mais apareceu foi ao condomínio. "A gente saiu da outra comunidade porque lá estava muito violento", lembrou.
Antes mesmo de a Defesa Civil considerar os imóveis inapropriados para moradia, apesar de já ocupados, os herdeiros do proprietário já haviam ingressado na Justiça com uma ação de reintegração de posse.
Despejo
A tentativa de desocupação, apesar de os oficiais de Justiça estarem acompanhados de policiais militares, não fez com que os ocupantes deixassem os imóveis. Os moradores chegaram a formar barricadas, para impedir a ação de reintegração de posse.
Para evitar um confronto, os familiares acharam melhor que os oficiais de Justiça e os policiais militares deixassem o local.
A Prefeitura de Aquiraz, por da Secretaria de Trabalho e Assistência Social, além do apoio aos familiares das crianças, dará apoio aos demais moradores, caso fiquem sem moradia, por uma questão técnica.
AUTOR: DN
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