terça-feira, 4 de fevereiro de 2020

NO BAIRRO MOURA BRASIL, EM FORTALEZA (CE), MORADORES SEGUEM SEM PREVISÃO DE VOLTAR PARA CASA APÓS INTERDIÇÃO POR RISCO DE DESABAMENTO

Morador mostra rachadura na parede da casa interditada pela Defesa Civil Foto: Theyse Viana

Ainda não há previsão para que os imóveis interditados na sexta-feira (31) no Bairro Moura Brasil, em Fortaleza, sejam liberados. A situação dos moradores mobilizou parentes e amigos, que vêm até de fora do Ceará para dar suporte, como foi o caso lavradora Antônia Célia, que viajou do Piauí para ajudar a mãe, Maria Galdino Ferreira, moradora de uma das casas bloqueadas.

Na madrugada de sexta-feira (31), 21 famílias foram realocadas pela Secretaria da Infraestrutura do Ceará (Seinfra) dos imóveis e levadas para pousadas e residências de parentes após a Defesa Civil constatar risco de desabamento em decorrência de fissuras encontradas nos imóveis localizados no Bairro Moura Brasil, em Fortaleza. Conforme moradores, as rachaduras apareceram com o início das obras da linha leste do Metrô de Fortaleza.

Os parentes de Célia estão entre os realocados. Ela chegou a Fortaleza na manhã desta segunda-feira (3) para ajudar a família. Além da mãe, o irmão, a cunhada e o sobrinho moravam na residência interditada, mas, para a lavradora, Maria Galdino é a que mais sente a mudança. "Ela mora aqui desde 1952. Você lutar pelo sonho de ter sua casa própria e, de repente, te levam para um canto e não explicam nada direito", comenta Célia.

De acordo com a lavradora, a estrutura da casa já vinha apresentando avarias cerca de duas semanas antes da remoção dos familiares. Uma reforma foi iniciada para evitar mais problemas. "Começou a cerâmica a sair. Aí depois começou as rachaduras. Mas dessa vez, teve que sair." afirma.

O irmão de Célia, Luís Carlos, informou que ainda não receberam retorno sobre a residência. "Eles não falaram nada ainda. Eu cheguei a falar com alguém do Metrofor, mas ainda não tive resposta."A gente quer uma explicação. Eu acho que eles tinham que reunir a comunidade todinha para falar se eles deveriam demolir ou não. Não explicam nada", completa Célia.

Moradores pedem reunião com Metrofor

Assim com a família de Célia, outros moradores esperam um retorno sobre a situação das casas. Os mais velho, já acostumados ao local, são os mais afetados pelo deslocamento.

"Como eles moram há mais de 50 anos eles não querem sair, alguns estão em casas de aluguel. A gente está pensando de, até terça-feira, ir ao Ministério Público abrir um processo para acompanhar mais ainda", revela o líder comunitário André Nascimento.

Ele e outros representantes procuram se reunir com os responsáveis pela obra do Metrofor para avaliar a situação. "Estivemos em contato com a equipe da Seinfra e do Metrofor em que eles informaram que vão marcar uma reunião para conversar com as famílias. Há sete meses começou as obras novamente e algumas casas começaram a rachar", completa André.

Outros problemas

Alguns moradores do local afetado apontam, também, para um problema estrutural, além das rachaduras. “A minha casa chegou a rachar mas o problema foi um grande estrondo. Eles viram que afundou [o piso]”. aponta a manicure Maria Orlane, de 54 anos.

O militar de reserva Elísio Simões mora no local desde que nasceu, há 67 anos. Para ele, o problema é recorrente. “Desde que eu nasci que tem promessa de tirar, de melhorar. Minha mãe tem 90 e já ouvia falar isso.” Ainda para Elísio, as obras prejudicaram ainda o acesso ao local. “A nossa rua passava um carro pelo outro. Estreitaram e agora nem carro passa, nem ambulância. Quando se tem um problema de saúde, ela fica num extremo. A pessoa morre.” conta.

De acordo com a Secretaria da Infraestrutura do Ceará (Seinfra), o terreno, onde estão localizados os imóveis, já está estável. As causas do deslizamento continuam sendo investigadas pelos técnicos, que estão trabalham para que os moradores possam voltar para casa, o mais rápido possível, com segurança.

As outras estruturas da rua Adarias Lima, principal atingida pelo deslizamento, incluindo a creche, continuam sendo monitorados e não apresentam riscos aos moradores, por isso não houve necessidade de interdição.

AUTOR: G1/CE

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