domingo, 18 de outubro de 2015

IMPEACHMENT: O QUE UNE E SEPARA COLLOR E DILMA

Altos índices de reprovação popular, crise econômica, Congresso rachado e escândalos de corrupção. 

Afastados por mais de duas décadas, movimentos pelo impeachment de Fernando Collor (1992) e de Dilma Rousseff (2015) apresentam panos de fundo tão parecidos que, à primeira vista, a comparação parece inevitável.

Mas, se há muitos elos entre 1992 e 2015, também são inúmeras as diferenças entre cada época, asseguram ao O POVO participantes do processo que levou à renúncia de Collor.

“São circunstâncias muito diferentes”, avalia o advogado Marcelo Lavenère, um dos autores do pedido de impeachment de Collor e presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) na época. “As denúncias atingiam diretamente o presidente Collor e agora não atingem a presidente Dilma. Atingem governo, contas de campanha, gestão orçamentária, mas não ela”, analisa.

Lavenère destaca que, em 1992, movimento era “mais amplo” na sociedade, com menor influência política e partidária. “Não tinha um político no meio. Era a Ação da Cidadania do Betinho, a Confederação dos Bispos com dom Luciano, a OAB, sindicatos. E, agora, o que a gente vê é manobra política.”

Presidente da Câmara que conduziu o impeachment de Collor, o ex-deputado Ibsen Pinheiro (RS) questiona a relação entre os casos: “É uma comparação inevitável, mas possuem semelhanças e diferenças expressivas”.

Aproximando Dilma e Collor, Ibsen destaca a “falta de jeito ou gosto” de ambos os presidentes pela articulação política. “A principal diferença é que a Dilma, apesar da alta desaprovação, ainda tem apoios significativos, enquanto Collor ficou isolado na parte final.” Embora acredite não haver clima para impeachment, pontua: “Tudo pode mudar”.

Ex-deputado que votou pelo impeachment de Collor, Luiz Pontes avalia que a situação de Dilma é hoje pior que a do ex-presidente em 1992. “Você tem a Lava Jato, dois tesoureiros do PT presos, o maior mentor intelectual do partido, José Dirceu, preso pela 2ª vez”, critica o presidente do PSDB no Ceará. “Isso mostra que foi montada estrutura para roubar o País”, diz Pontes.

Ex-ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) e deputado que votou pelo impeachment, o jurista Ubiratan Aguiar reforça que o impeachment é ferramenta “grave”, que exige rigor na aplicação.

Aguiar destaca, no entanto, a novidade da reprovação das contas de Dilma pelo TCU, cobrando julgamento isento do caso no Congresso. “E se chegar à conclusão que houve crime, que se toque o devido processo”, diz.

Eu estive lá

Ibsen Pinheiro, presidente da Câmara Federal em 1992

"A Dilma ainda tem apoios como do PT, do Lula. Também não houve, e tudo indica não haverá, envolvimento direto dela nas denúncias. Não há Fiat Elba. Agora, ela tem crise econômica pior. E que, até agora, só mostrou incapacidade em lidar com ela.”

Marcelo Lavenère, presidente da OAB que denunciou Collor

“Há inconformismo com a eleição. Junta isso com baixa popularidade da Dilma e esse caldo de cultura leva a imaginar que a saída republicana para um governo reprovado é impeachment. Não é. Isso é para atos ilícitos pela autoridade no exercício.”

Ubiratan Aguiar, deputado em 1992 e ex-ministro do TCU

“No caso Collor, o aspecto político não era tão acentuado quanto agora, mas criou-se um sentimento popular. Agora é como se estivesse ampliado, porque há ramificações na estrutura do Estado. Temos aí escândalos que mostram que isso se enraizou.”

Luiz Pontes, ex-deputado e atual líder do PSDB Ceará

“A situação hoje é mais grave que a do Collor era. O que tem apurado aí é mais grave do que naquela época. O governo perdeu a credibilidade, estão todos favoráveis ao impeachment, pesquisas mostram. Enquanto a Dilma não sair, não vamos a lugar nenhum.”

AUTOR: O POVO

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