Em novembro do ano passado, o filho mais velho do casal, Lewdo Ricardo, morreu envenenado, e o mais novo ficou em poder da mãe, pois o pai estava internado
O subtenente do Exército Brasileiro (EB), Francilewdo Bezerra Severino, conseguiu a guarda do filho dele com Cristiane Renata Coelho Severino, suspeita de matar o outro filho do casal. A decisão foi proferida na tarde de ontem, pela juíza Ana Paula Feitosa Oliveira, da 16ª vara da Família de Fortaleza. A criança de cinco anos vive com a mãe em Pernambuco e deve ser trazida para o Ceará, nos próximos dias.
O advogado de Francilewdo Severino, Walmir Medeiros, disse que desde a morte de Lewdo Ricardo Coelho Severino, 9, ocorrida no dia 11 de novembro de 2014, o subtenente não mantem contato com a outra criança, porque Cristiane o impedia. O advogado afirmou que a Polícia, com apoio de um oficial de Justiça, irá localizar o menino e entregá-lo ao pai.
O delegado que apura a morte de 'Lewdinho' e a tentativa de homicídio do subtenente também deu prosseguimento à apuração do caso e pediu a prisão preventiva de Cristiane Coelho, ontem. Wilder Sobreira Brito, disse que não tem dúvidas que a mãe da criança é a autora material do crime. O inquérito foi finalizado e deve ser entregue à Justiça na próxima segunda-feira.
Conforme Sobreira, a suspeita mora em Recife e saiu do endereço que informou à Polícia sem avisar. Segundo ele, o paradeiro de Cristiane Coelho é desconhecido, por enquanto. "O fato de eu não saber onde ela está, de ela ter se ausentado de seu domicílio é um motivo a mais para o pedido de prisão", disse.
De acordo o que foi apurado, a mãe de 'Lewdinho' fez diversas ligações telefônicas antes e no dia do crime para pessoas que podem ter envolvimento com a premeditação dos fatos. O delegado não quis adiantar nada sobre os nomes, nem se alguma delas será indiciada. Sobreira disse apenas, que a suspeita não teve ajuda de ninguém para manipular o veneno.
O delegado revelou que mais de dez laudos da Perícia Forense do Ceará (Pefoce) foram anexados aos inquérito que será entregue ao Poder Judiciário. Conforme Wilder Sobreira Brito, os exames feitos pelos peritos são provas científicas incontestáveis de quem foi o autor do crime.
O titular do 16ºDP afirmou que somente as transcrições do conteúdo do aparelho celular de Cristiane Coelho renderam dez mil páginas. O relatório final que seguirá para análise do Ministério Público tem 136 páginas.
Sobreira concluiu que, desde setembro de 2014, a suspeita vinha planejando a morte do filho e do então marido. Segundo ele, Cristiane teria forjado várias conversas com Fracilewdo Severino. "Ela mandava mensagens do celular dele para ela mesma. Por muito tempo maquinou toda essa história e pensou em todos os detalhes para tentar se livrar da culpa. Diversas coisas que ela achava que podia incriminá-la foram apagadas dos aparelhos, mas a Perícia recuperou", afirmou o presidente do inquérito.
O crime
Conforme o delegado, a dinâmica do crime foi totalmente esclarecida durante as investigações. A Polícia constatou, com base em laudos da Pefoce, que Cristiane Coelho colocou veneno de rato no sorvete de morango oferecido ao filho 'Lewdinho'.
Ela teria ainda, dado ao marido um remédio tarja preta, diluído em uma taça de vinho, e pequenas porções de veneno. "Ela tentou envenená-lo gradativamente. Em cada taça de vinho que dava a ele colocava um pouco de 'chumbinho'".
Segundo Sobreira, quando a suspeita percebeu que o filho e o marido estavam agonizando ligou para a Polícia, pedindo socorro dizendo que teria sido espancada. Em entrevista coletiva concedida no dia 15 de abril, Wilder Brito disse que as lesões que a mulher apresentou teriam sido provocadas por ela mesma. "Cristiane é formada em Educação Física e técnica em Radiologia. Ela tem conhecimentos de anatomia, de fisiologia. Sabia onde podia cometer as lesões e até que ponto poderia ir na automutilação", destacou.
O advogado de Cristiane, Paulo Quezado, disse que só vai se pronunciar depois da decisão acerca do pedido de prisão contra sua cliente. "Vamos ver o que a Justiça vai determinar, para depois decidirmos o que fazer".
AUTOR: DN
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