sábado, 20 de setembro de 2014

DESVIO NO SISTEMA SEST/SENAT PODE TER SIDO DE R$ 70 MILHÕES, DIZ POLÍCIA

O suposto esquema de desvio de verbas do Serviço Social do Transporte (Sest) e Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte (Senat) investigado pelas polícias do Distrito Federal e de Minas Gerais pode ter movimentado até R$ 70 milhões, segundo o delegado-adjunto da Divisão Especial de Repressão ao Crime Organizado (Deco), Luiz Fernando Cocito, de Brasília. A verba é repassada pela União às entidades para a realização de cursos profissionalizantes.

“Entre 2011 e 2012, foram desviados aproximadamente R$ 20 milhões. Se voltarmos cinco anos, o rombo seria de aproximadamente R$ 70 milhões", afirmou. Os desvios se davam pela contratação de serviços de pequenas empresas por valores altos e pelo pagamento de gratificações elevadas a diretores das entidades. Um lava-jato, por exemplo, recebeu mais de R$ 2 milhões em um ano, de acordo com as investigações.

Também foi apurado que funcionárias do sistema Sest/Senat presas nesta sexta por suspeita de ligação com as fraudes movimentaram valores maiores do que os salários que recebiam – entre elas a ex-diretora executiva do Sest/Senat Maria Pantoja, uma das quatro pessoas presas nesta sexta-feira.

"Na verdade esses serviços não foram prestados. Um volume grande de recursos públicos se deu na contratação desses contribuintes individuais que pertenciam ao quadro dessas dirigentes [presas] ou de familiares", disse o delegado-chefe da Deco, Fábio Santos de Souza.

De acordo com a investigação, ela recebia R$ 26 mil por 22 horas semanais de trabalho no Sest e outros R$ 26 mil por 22 horas no Senat, mas movimentou R$ 1,5 milhão em um ano, quase duas vezes mais do que o total de rendimentos declarados por ela.
Clésio Andrade
De acordo com a polícia, o ex-senador Clésio Andrade (PMDB-MG) é suspeito de comandar o esquema. O delegado Souza disse que já é possível afirmar que ele cometeu ao menos um crime – de falsidade ideológica. O ex-senador é procurado para prestar depoimento. O G1 tentou entrar em contato com os advogados do ex-parlamentar, mas nenhum representante dele foi encontrado durante a manhã.

"O ex-senador e ex-presidente da CNT Clésio Andrade é quem nomeia a direção. Nós temos hoje elementos que podem confirmar que esse ato normativo [que autorizava gratificações maiores que salários] foi fraudado, montado para justificar esses pagamentos. O simples fato dessa fraude o incrimina em um crime, que é falsidade ideológica”, afirmou o delegado Souza. "[A organização é] Comandada, ao que tudo indica, por um ex-senador da República", disse o delegado Cocito.
Os 16 carros apreendidos em operação da Polícia Civil do DF (Foto: Lucas Salomão/G1)

Souza afirmou ainda ser “prematuro” dizer que Clésio Andrade recebeu alguma quantia no suposto esquema. “Existe a suspeita da participação dele nesse esquema que está embasada nessa fraude documental. Há uma suspeita, uma probabilidade [de que ele tenha recebido dinheiro], pelo cargo que ele ocupava, de que elas [as pessoas presas] estariam ali a serviço dele.”

Clésio Andrade foi vice-governador de Minas entre 2003 e 2006, durante o primeiro mandato de Aécio Neves. O ex-parlamentar é réu no caso conhecido como mensalão tucano. Na ação penal, Clésio é acusado de peculato e lavagem de dinheiro por ter, supostamente, tentado ocultar recursos recebidos de Marcos Valério na campanha de Eduardo Azeredo ao governo de Minas Gerais em 1998 – Clésio Andrade era candidato a vice.

Bens apreendidos
Durante a entrevista coletiva na qual a Polícia Civil detalhava a operação realizada nesta sexta, o delegado Fábio Souza informou que os agentes encontraram R$ 180 mil em espécie na residência de um dos envolvidos no suposto esquema.

Além disso, um cofre também foi apreendido no local – até a publicação desta reportagem, a Polícia Civil ainda não havia concluído a contagem dos valores apreendidos. Souza disse ainda que outro cofre foi apreendido em outra residência.
Com os suspeitos, a polícia apreendeu ainda 16 veículos. Os suspeitos viviam em casas de luxo em Brasília – o valor de uma delas foi estimado pela polícia em R$ 4 milhões.

"Eles passaram a ostentar muito, e isso facilitou muito a nossa vida. Não se contentaram com uma única mansão, compraram duas, três. Não se contentaram com um carro de luxo, compraram quatro, cinco, seis. O patrimônio das quatro pessoas presas, somados, somam algo em torno de R$ 35 milhões", declarou Cocito.

AUTOR: G1/DF

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