sábado, 30 de junho de 2012

É RECORDE O NÚMERO DE FORAGIDAS NO RIO DE JANEIRO

A ala feminina está engrossando as estatísticas dos foragidos da Justiça no Rio de Janeiro. Segundo o Disque-Denúncia, o número de mulheres que tem seu rosto estampado como procuradas chegou a oito, o maior desde que o serviço foi criado. O destaque entre elas é Heloísa Borba Gonçalves, a Viúva Negra. A recompensa por informações que levem à sua captura é de R$ 11 mil, a maior entre todos os 288 procurados de ambos os sexos.

Para estipular o valor da recompensa, o Disque-Denúncia leva em conta a relevância social da captura, que pode estar relacionada à periculosidade ou ao clamor popular provocado por suas ações. Os recursos vêm de doções da iniciativa privada. Mas o interesse pelo dinheiro é muito pequeno.

“O interessante é que pouca gente vai buscar a recompensa. Em certas ocasiões fica fácil identificar de onde veio a denúncia que levou à prisão, mas ninguém reivindica o valor. Tem o fator medo, mas acho que o que move mais as pessoas é a indignação, é ajudar a polícia no combate ao crime”, avaliou Zeca Borges, superintendente do Disque-Denúncia.

Crimes das mulheres são diversos
O número crescente de mulheres no rol dos foragidos veio do cruzamento de informações. “Com o passar do tempo, durante as buscas de alguns criminosos, observamos a presença de mulheres envolvidas com o crime. Daí, passamos a buscar com as autoridades mandados de prisão e informações sobre elas”, disse Zeca Borges.

Entre as procuradas estão assassinas, ladras, traficantes e estelionatárias. Há também o retrato falado de uma mulher acusada de deixar a filha recém-nascida na porta de um bar, em Itaboraí.

A folha de antecedentes criminais mais extensa, que justifica a alta recompensa, é a de Heloísa, a Viúva Negra, assim chamada por causa das acusações de ter matado alguns de seus ex-companheiros.

Viúva Negra, 62 anos, responde a processos por quatro homicídios e duas tentativas de homicídio. Também já foi condenada a quatro anos e meio de prisão pelos crimes de bigamia e falsidade ideológica.

A foragida é acusada de ter matado o militar Jorge Ribeiro, com quem era casado, em 1992, para ficar com seus bens. Antes, casou-se ao mesmo tempo com o comerciante aposentado Nicolau Saad, que morreu pouco tempo depois. Usou uma antiga procuração de Saad para transferir bens do falecido e acabou condenada por falsidade ideológica.

Em 2011, foi condenada a 18 anos pelo homicídio de Jorge Ribeiro, após faltar a quatro julgamentos.

Ela também é acusada de matar o ex-namorado Wargih Murad, que teria descoberto seu passado nebuloso, e o pedreiro que o acompanhava. É suspeita ainda de ter executado o filho de Wargih, Elid Murad, e de mandar matar o detetive contratado por ele para investigar a morte do pai.

Em 1983, já havia tido marido morto, após casamento com pacto nupcial. Na época, o crime foi registrado como latrocínio (roubo seguido de morte), e por isso não chegou a ser processada.

Procurados do segundo escalão
Do lado masculino, figuram na lista de mais procurados os chefes do tráfico conhecidos como Pezão, Marcelo Piloto, Menor P, Guaguinho, e Scooby dos Macacos. Para a captura de cada um deles, a recompensa tem o mesmo valor: R$ 2mil.

O criminoso com a maior oferta de recompensa, de R$ 5mil, é o miliciano Carlos Ari Ribeiro, o Carlão. A captura de outro miliciano, Toni Ângelo Souza Aguiar, o Toni Ângelo, vale R$ 1 mil.

“Neste momento não existe ninguém do primeiro escalão”, afirmou Zeca Borges.

Nem todos os procurados têm recompensa para sua captura. O maior valor já oferecido pelo Disque-Denúncia, de R$ 100 mil, foi referente a Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar. A quantia não chegou a ser paga porque sua prisão não foi realizada através de informações fornecidas ao serviço.

O segundo valor mais alto, de R$ 50 mil, foi para encontrar Paulo César Silva dos Santos, o Linho, durante muito tempo o chefe do tráfico mais procurado do Rio. Como a polícia desconhece até mesmo se ele está vivo, deixou de constar na lista de procurados do Disque-Denúncia.

Zeca Borges ressalta a parceria que existe entre a entidade e a Secretaria de Estado de Segurança, que dá a palavra final sobre recompensas e alimenta o programa com informações. Zeca explica que, além das contribuições, uma família de vítima pode doar diretamente o dinheiro para a prisão de alguém específico. É o caso da Viúva Negra, cujos parentes dos Murad foram os responsáveis pela polpuda recompensa de R$ 11 mil.
FONTE: G1/RJ

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