Os discursos fáceis da última semana foram focados na comunicação da Petrobras sobre a inviabilidade econômica da sonhada Refinaria Premium II e, nas mesmices sobre as consequências da seca no Ceará. O falatório, por estar mais no campo da demagogia, em absolutamente nada vai alterar a realidade, pesarosa, é verdade, da perda de um equipamento que, se de fato construído, em muito contribuiria para alavancar o desenvolvimento deste Estado, como o fez em outras unidades da Federação, onde ele já existe há décadas.
O mesmo poder-se-á dizer quanto às questões relacionadas à não construção dos instrumentos, conhecidos e eficazes em outras plagas, de garantia de convivência decente dos seres humanos e os rebanhos com a quase constante escassez de chuvas na região nordestina. Falou-se muito de miséria em vários pontos do Ceará em 2013. Em 2014 mais ainda e, por certo, como vêm demonstrando os detentores de mandatos eletivos, neste ano, o tema será abordado mais ainda. E tudo continua como dantes até que o ciclo da má quadro invernosa seja rompido por um bom inverno. A chuva é como o remédio que suspende a dor e faz o paciente pensar que está bom, e deixa imediatamente de reclamar por providências capazes de evitar novas dores.
Enérgica
O deputado estadual Walter Cavalcante (PMDB), na última quinta-feira, em meio aos discursos dos colegas clamando por ajuda para as vítimas da seca, apelou para a não exploração política da situação de calamidade que faz vítimas milhões de cearenses, uma prova de que até mesmo entre eles muitos dos discursos piegas, são cansativos, inconsistentes, infrutíferos e feitos para garantir espaços na mídia e pretensões eleitoreiras, consequentemente individualistas.
Por falta de ação coletiva dos cearenses, é possível até se ver concluir a obra de transposição de águas do Rio São Francisco, quando o Velho Chico já não mais tiver o líquido para verter de tão demorada estar sendo a construção, assim como longa foi a distância entre o projeto original, do século passado, para o hoje em execução. Os políticos governistas não têm coragem de conclamar a oposição para, juntos, comandarem uma reação enérgica, de repercussão política nacional, contra o descaso do Governo Federal, e até omissões do estadual, e a oposição, por sua vez, prefere deixar continuar como está para ter garantido o tema do discurso, e quem sabe, os votos na eleição futura.
As obras da transposição de águas de há muito deveriam estar concluídas. A prova do desinteresse da União, e até certo ponto da subserviência das nossas representações, deixou os serviços como se de menor importância fosse a conclusão do projeto que, realmente, não atende a todas as necessidades de água do Ceará, mas, com certeza, tranquilizaria uma boa parte de sua gente.
Refinaria
A Premium II não saiu por falta de força política, embora, reconheçamos, foi a interferência política que levou a Petrobras à situação deprimente em que se encontra. A busca de resultados econômicos são incompatíveis com os eleitorais. O fato de o Governo brasileiro ser o seu maior acionista não lhe autorizava a fazer as peripécias, hoje publicamente conhecidas, inclusive com promessas de instalações de refinarias servindo de moeda de troca por votos para garantir eleição de presidentes, governadores, senadores e deputados, facilitando a corrupção e deixando a empresa desmilinguida.
Hoje, depois de encontrar-se com a realidade, a classe política cearense, antes de protestar contra a decisão de encerrar o projeto da Premium II, poderia fazer uma mea culpa e reconhecer que faltou força política, no momento em que construir refinaria era, antes de ser um projeto econômico, uma retribuição ao apoio a lideranças locais. Está aí a Abreu e Lima em Pernambuco, toda bichada, mas em pé. Muito antes foi a Bahia, e o Maranhão só ficou em situação parecida com a do Ceará pelo fato de Sarney ter tratado do empreendimento quando o ocaso político quebrantava as suas forças.
Os nossos representantes se contentam com muito pouco quando se trata de participação federal em investimentos necessários à infraestrutura do Estado. Também, por isso, perdemos a refinaria. Agora não adianta mais derramar lágrimas. Voltar a sonhar com esse equipamento só para a década de 2030, se até lá a Petrobras conseguir se recuperar do assalto que a nocauteou e, retome os investimentos em construções de novos postos de refino.
Eunício governador
O senador Eunício Oliveira (PMDB) já se articula, não para disputar a Prefeitura de Fortaleza, como admite alguns dos seus correligionários e, inclusive aliados que estiveram com ele na última disputa pelo Governo do Estado. Ele garante que seu projeto é governar o Ceará e sobre 2018, inclusive, já conversou com as principais lideranças nacionais do seu partido.
Articula Eunício para ser presidente do Senado, nos dois últimos anos do seu mandato, quando, com a visibilidade e a força do cargo, formatará a sua aliança e inibirá a atuação do Planalto, se adversa for a posição do seu ocupante e o candidato a presidente por ele patrocinado.
AUTOR: DN
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