O bacharel do curso de Direito, Vítor Quinderé Amora condenado a 24 anos, 10 meses e 15 dias pela morte do comerciante Wildson Saraiva Belém, e tentativa de homicídio do pai de Wildson, foi encaminhado ontem à Delegacia de Capturas (Decap), no Centro, e deve cumprir a pena em uma unidade penitenciária da Região Metropolitana de Fortaleza (RMF).
A última informação obtida pelo advogado Clayton Marinho e repassada para a reportagem durante entrevista na tarde de ontem foi de que no Quartel do Corpo de Bombeiros não haviam acomodações para Vítor. Ele passou a noite no local, mas pela manhã foi para a Decap. O juiz havia determinado, na sentença, que o acusado iria ficar recolhido no Quartel do Corpo de Bombeiros, no Centro.
Vítor foi condenado, na última quinta-feira (7), pelo Conselho de Sentença do 3º Tribunal Popular do Júri. Os jurados acataram a tese da acusação de homicídio e tentativa de homicídio, ambos com duas qualificadoras, motivo fútil e meio cruel.
De acordo com a Secretaria de Justiça (Sejus), se o trâmite ocorrer de forma normal Vitor Quinderé será encaminhado a Penitenciária Francisco Hélio Viana de Araújo, em Pacatuba. Mas o local em que ele vai cumprir a pena depende da determinação da Justiça Estadual.
O advogado de defesa de Vítor ingressou com recurso no Tribunal de Justiça (TJCE) contra a sentença. De acordo com a decisão do magistrado proferida na última quinta-feira, ele não poderá apelar em liberdade. "Penso que (ele) será levado para alguma unidade. Ele não pode ir para o presídio e tem direito a prisão especial, como policial civil de Brasília", explicou o advogado Clayton Marinho.
Após o crime, em 2001, a Ordem dos Advogados do Estado do Ceará (OAB-CE) decidiu expulsar Vítor da Ordem. Após a decisão, ele se tornou apenas bacharel em Direito sem poder exercer a profissão. Segundo a Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), ele está na Decap em uma cela comum.
Pena justa
Familiares do comerciante Wildson Saraiva Belém acharam justa a pena de 24 anos, 10 meses e 15 dias aplicada pelo magistrado Antônio Carlos Pinheiro Klein Filho, que presidiu o julgamento. A irmã da vitima, Gerda Saraiva, disse que "o trabalho da promotoria (feito pelos promotores Humberto Ibiapina e Lucídio Queiroz) foi fantástico. Vi a Justiça atuar. No início tive minhas dúvidas, mas a nossa família estava confiante na condenação", afirmou a parente.
O pai de Wildson, José Wilson Belém, 80, que também foi lesionado durante a discussão no trânsito, testemunhou sobre o caso ao júri, e não teve condições de permanecer no fórum após o depoimento. Ele soube da sentença em casa e também achou a pena justa. "Nada vai trazer ele de volta. Mas a pena foi devida. Durante 13 anos a nossa família conviveu com isso, com a situação de impunidade e intolerância", explicou a familiar.
O julgamento ocorreu exatos 13 anos após o crime. Gerda disse que o neurologista explicou que o comerciante faleceu naquele dia, mas o corpo ainda ficou a base de aparelhos. A família de Wildson optou pela doação de órgãos e os aparelhos foram desligados dois dias depois. Dois garotos receberam as córneas do comerciante.
Já Vítor Quinderé seguiu uma nova vida durante os 13 anos em que esperou o julgamento. O rapaz passou apenas sete meses detido após o crime. Ele seguiu para Brasília onde foi aprovado em concursos na Polícia Civil e no Tribunal Regional Eleitoral.
AUTOR: DN
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