domingo, 12 de janeiro de 2014

CRIMINALIDADE DEIXA BAIRROS VAZIOS

Em alguns casos, as famílias fazem apelo religioso para se proteger dos constantes tiroteios e assassinatos, uma tentativa de sensibilizar os criminosos. Nos bairros Vila Velha e Quintino Cunha, duas gangues duelam pela disputa de domínio do tráfico

Pouco a pouco, as ruas vão ficando vazias. As casas estão sendo fechadas e os bairros se transformando em algo parecido com uma ´cidade fantasma´.

Este é o cenário em várias comunidades periféricas de Fortaleza atingidas pela ação sangrenta de traficantes de drogas e suas gangues. A Reportagem percorreu, na semana passada, várias comunidades da Capital onde, por conta das altas taxas de homicídios dolosos e constantes tiroteios, seus moradores estão migrando para outros bairros.

Números

Segundo levantamentos feitos pela Editoria de Polícia do Diário do Nordeste, de 2009 até 2013, nada menos que 148 pessoas foram assassinadas no São Miguel em decorrência, principalmente, da violência das gangues à serviço do tráfico. Nas ruas, becos e ruelas da comunidade, são dezenas de placas ou avisos pintados nas fachadas dos casebres informando que o imóvel está à venda.

Famílias cujos filhos, pais e amigos foram assassinados por ordem dos chefes das quadrilhas são obrigadas a procurar moradia em outros bairros, na tentativa de escapar das balas. "Já tive três filhos mortos aqui. Só me resta um e se eu não sair daqui logo, vão matá-lo também", disse M., uma dona de casa que mora próximo da Rua Elza leite Albuquerque, no São Miguel, e que preferiu não se identificar, nem ser fotografada pela reportagem. Na semana passada ela decidiu ir embora dali, deixando para trás uma placa de venda em sua pequena casa num beco próximo onde, recentemente, ocorreu mais um tiroteio.

"Muita gente tem ido embora daqui", confirmou um policial militar que presta serviço na área. "Há casos em que somos requisitados pelas famílias para fazer a escolta durante a retirada, pois os bandidos ameaçam matar as famílias casos elas permaneçam no bairro. Na hora da mudança temos que estar presentes para dar garantia de vida a elas", completa o PM.
As comunidades periféricas sentem na pele a violência patrocinada pelos traficantes de drogas e suas quadrilhas. A Polícia Militar faz operações constantes e prende bandidos, mas logo outros aparecem para comandar o comércio de drogas/ Nas ruas, becos e travessas da Comunidade São Miguel, em Messejana, muitos moradores decidiram ir embora dali. Os constantes tiroteios entre as gangues da Mangueira e do Coqueirinho provocam mortes há vários anos fotos: José Leomar

Bairros

O cenário verificado no São Miguel, em Messejana, se repete em outras comunidades periféricas de Fortaleza, Capital onde, segundo levantamentos da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), revelados na última sexta-feira, ocorreram 2. 017 homicídios em 2013.

No ´fim da linha´ do bairro Quintino Cunha, na divisa com a Vila Velha, na zona Oeste da cidade, a situação se repete. Desde o ano passado, diversas famílias decidiram ir embora para outro lugar diante da violência que vem tomando conta da área pela atuação de duas gangues. Uma delas, conhecida como os ´Gafanhotos´, vem travando uma disputa com a ´V-8´, e muitas pessoas morreram por conta disso. No ano passado, foram contabilizadas ali 42 execuções sumárias.

Do outro lado da cidade, um cenário bem parecido é registrado no Jangurussu. Ali está instalado um dos principais focos da criminalidade de Fortaleza. Nas ruas do Conjunto Palmeiras, os tiroteios viraram uma rotina e obrigam a Polícia Militar a manter uma vigilância diuturna por conta dos constantes embates entre as gangues das ruas Maguary, Babaçu e Catolé. No ano passado, 33 jovens morreram em tais confrontos.

Mais recentemente, a onda de crimes atinge o Barroso, onde, há duas semanas, quatro jovens, entre eles, um adolescente de 17 anos, foram executados sumariamente dentro de uma casa no condomínio popular Novo Jardim Castelão, que foi batizado pelos invasores sem-teto como ´Babilônia.

Decréscimo

Se o cenário das comunidades periféricas revela a onda de violência na Capital, uma notícia oficial pode servir como uma ´luz´ nesta realidade. Segundo dados da SSPDS, nos últimos três meses, os índices criminais, e especialmente aqueles relativos a homicídios, latrocínios e lesões corporais seguidas de morte vêm caindo.

Na última sexta-feira, o secretário da Segurança, Servilho de Paiva, apresentou para a Imprensa local os resultados estatísticos de 2013. Estes indicam uma queda, mês a mês, das taxas de Crimes Violentos, Letais e Intencionais (CVLI) no Estado.

A chegada de novos efetivos na Polícia Militar, a implantação de um novo modelo de Segurança Pública no Estado (com a instalação das Áreas Integradas de Segurança) e a reformulação nos parâmetros da estatística elaborada pela Pasta, além de mudanças nas equipes, podem ser considerados os pontos importantes para o começo do declínio dos números de crimes.

Segundo Servilho Paiva, em 15 dias serão conhecidos os métodos que a SSPDS utilizará para o pagamento de gratificações para os policiais em cujas áreas de atuação houver queda dos índices da criminalidade.

Segundo Paiva, o Estado dispõe de R$ 120 milhões para tal destinação. Aos policiais será cobrado o cumprimento de metas.

AUTOR: DN

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