O ´velho´ presídio apresentava graves problemas estruturais e de segurança. Durante quase 35 anos, a unidade representou um dos importantes equipamentos do Sistema Penitenciário do Estado, mas, em 2011, a Justiça ordenou o seu fechamento
O Instituto Presídio Professor Olavo Oliveira I (IPPOO I), localizado na Avenida dos Expedicionários, no bairro Itaperi, foi oficialmente desativado, na manhã de ontem, com a transferência dos últimos 58 detentos. Eles foram levados para o IPPOO II, em Itaitinga. Os serviços administrativos, no entanto, funcionarão naquela unidade prisional até a próxima sexta-feira.
A titular da Coordenadoria do Sistema Penal (Cosipe), Socorro Matias, acompanhou o procedimento. Ela disse que, por estar localizado em uma área estritamente urbana, não havia mais condição de o IPPOO I funcionar naquela região. "A arquitetura também estava fora dos padrões determinadas pelo Departamento Penitenciário Nacional", acrescentou.
Os 58 presos foram colocados em dois microônibus da Secretaria da Justiça e Cidadania (Sejus) e escoltados por agentes do Grupo de Apoio (GAP). Antes da saída, os internos foram revistados, bem como as celas onde eles estavam recolhidos.
Leilão
O terreno onde ficava o IPPOO I será levado a leilão antes do fim deste ano. O IPPOO I foi inaugurado no dia 25 de maio de 1978, chegando a ser considerado a maior unidade penitenciária do Estado e recebia apenas presos que aguardavam julgamento. Com o passar do tempo, os presídios ficaram superlotados e muitos condenados tiveram de ser transferidos para lá. A partir de novembro de 2006, o IPPOO I passou a ser "alvo" de várias decisões judiciais por parte do juiz Luiz Bessa Neto, da Vara de Execuções Penais.
Em outubro de 2011, o magistrado decidiu impedir a entrada de novos detentos e determinou que fosse feita a desativação gradativa da unidade penitenciária até o seu esvaziamento. Já o IPPOO II, até ontem, abrigava 561 internos, sendo que 70 por cento deles estão no regime semiaberto, com cartas de emprego, além de outros benefícios da Lei de Execução Penal (LEP).
Conforme a Secretaria da Justiça, no próximo mês será assinada a ordem de serviço para o início das obras da nova unidade prisional, a ser erguida em Maracanaú, na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF). O novo presídio terá capacidade para abrigar 944 homens e deverá ser inaugurada em 2014.
História
Nos seus quase 35 anos de funcionamento, desde a inauguração em 1978 até ontem, o ´velho´ IPPOO I foi palco de muitos incidentes, como fugas, rebeliões e mortes. Por lá passaram vários diretores, entre eles, o então major da PM Francisco Teixeira; o delegado de Polícia Civil, José Nival Freire, a defensora pública Sandra Dond; e o advogado Bento Laurindo.
Conforme pesquisa da Reportagem nos arquivos do Diário do Nordeste, entre março de 1978 e maio de 1987, portanto menos de 10 anos, 26 presos foram mortos naquela unidade, a maioria em conflitos internos nas celas e pavilhões, ou durante tentativas de fuga e confronto com policiais militares.
Por diversas vezes, a muralha do IPPOO I, na Avenida dos Expedicionários ou na Rua Holanda, foi dinamitada e os presos escaparam pelo buraco. Em outros casos, houve fuga por cima da muralha durante blecaute provocado pelos presos ou através de ajuda externa.
SAIBA MAIS
25.03.1978 O IPPOO I é inaugurado pelo então governador do Estado do Ceará, coronel Adauto Bezerra; e pelo secretário de Interior e Justiça, Hugo de Gouveia Soares Pereira.
10.12.1981 Acontece a primeira grande rebelião no presídio. Nove presos fogem depois de fazer um PM (sargento Ezequias) de refém.
22.09.1984 Ocorre uma nova fuga em massa. Dezesseis presos escapam depois que a muralha é dinamitada pelo lado externo.
20.09.2002 O governo inaugura o novo IPPOO II, em Itaitinga, e faz a transferência de 300 presidiários do IPPOO I e de várias delegacias.
AUTOR: DN
Nenhum comentário:
Postar um comentário
IMPORTANTE
Todos os comentários postados neste Blog passam por moderação. Por este critério, os comentários podem ser liberados, bloqueados ou excluídos.
O TIANGUÁ AGORA descartará automaticamente os textos recebidos que contenham ataques pessoais, difamação, calúnia, ameaça, discriminação e demais crimes previstos em lei. GUGU