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terça-feira, 9 de janeiro de 2018

EM FORTALEZA (CE), SOLDADO DO EXÉRCITO É PRESO SUSPEITO DE DESVIAR 14 MIL BALAS DE FUZIL PARA FACÇÃO GDE

Balas de calibre 7.62 perfuram carros-fortes e são de uso exclusivo das forças de Segurança

O Comando da 10ª Região Militar, sediado em Fortaleza, determinou a abertura de um Inquérito Policial Militar (IPM) para apurar o furto de lote de aproximadamente 14 mil cartuchos de calibre 7.62, munição utilizada em fuzis. 

O crime vinha sendo apurado sigilosamente até o fim de semana passado.

Um soldado do Exército está preso acusado de ter repassado a munição para bandidos da facção criminosa Guardiões do Estado (GDE) que atua na comunidade Babilônia, um conjunto de blocos de apartamentos residenciais construído pelo programa “Minha Casa, Minha Vida”, localizado no bairro Passaré, na zona Sul da Capital.

O desvio da munição militar foi descoberto há uma semana e o soldado – cuja identidade é mantida em sigilo pelas autoridades – foi preso após a descoberta pelo Serviço de Inteligência de que ele atuava à serviço da facção GDE dentro da corporação.

Em troca pelo desvio da imensa quantidade de munição, o militar teria recebido como pagamento um imóvel e uma motocicleta. 

O local foi descoberto e lá os oficiais da Inteligência encontraram parte da munição furtada de um paiol do Exército localizado no Município de Maranguape, na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF).

Munição e tiros

A descoberta do furto da munição aconteceu quando o Exército, atendendo a uma determinação do Ministério da Defesa, deslocou tropas pertencentes à 10ª Região Militar (Ceará) para o Rio Grande do Norte, com a missão de restabelecer a ordem pública nas cidades de Natal e Mossoró, atingidas por uma onda de violência decorrente da greve de policiais civis e militares, além de bombeiros.

Com o deslocamento de um contingente de aproximadamente 800 homens, do 23º Batalhão de Caçadores (23º BC), de Fortaleza para Natal e Mossoró, de forma emergencial, foi necessário o emprego da munição real, em alta quantidade, para fuzis de calibre 7.62. No ato de conferência do material bélico foi comprovada a ausência do lote de aproximadamente 14 mil cartuchos. À pedido do Exército, a Polícia Civil auxilia na investigação a partir do registro de um Boletim de Ocorrência (B.O.) de caráter sigiloso.

O Comando do Exército ainda não se manifestou sobre o assunto.

Confrontos de facções

A munição desviada foi parar nas mãos dos criminosos que controlam a “Babilônia” e que determinaram a expulsão de dezenas de moradores daquela comunidade. Parte do lote de balas de calibre 7.62 já foi utilizada nos constantes tiroteios que acontecem ali, envolvendo membros da GDE e seus inimigos, bandidos da facção Comando Vermelho (CV), alojados na comunidade da Jereba, no Jangurussu. A disputa de território ocorre há meses e a própria Polícia Militar reconhece o local como zona de risco e montou uma operação ocupação.

Os tiroteios são freqüentes e acontecem sempre durante as madrugadas. Tiros de fuzil e submetralhadoras são disparados nesses embates, conforme reconhecem as autoridades.

Recentemente, bandidos foragidos do Complexo Penitenciário de Itaitinga, na RMF, teriam ido se esconder na Babilônia, mas acabaram saindo de lá por conta da operação ocupação da PM. De acordo com a versão apresentada nas redes sociais pelo secretário da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), delegado federal André Costa, esses bandidos seriam os mesmos que ameaçaram de morte moradores do bairro vizinho, o Barroso 2, ordenando que estes abandonassem suas casas. Três traficantes suspeitos de envolvimento nas ameaças aos moradores foram presos e o Barroso 2 acabou sendo também alvo de uma ocupação da PM.

AUTOR: FERNANDO RIBEIRO

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