O telhado de uma loja de peças orientais desabou e atingiu seis pessoas na rua Major Facundo, no centro de Fortaleza, na tarde desta segunda-feira, 17.
De acordo com a assessoria de comunicação do Instituto Doutor José Frota (IJF), duas das três crianças atingidas, uma de 8 e outra de 10 anos, morreram no fim da tarde.
Elas chegaram a ser levadas para a sala de reanimação do hospital. Outra criança de 7 anos também foi atingida e deu entrada na emergência pediátrica da unidade de saúde, mas já foi liberada.
Informações repassadas pelo major Eldácio, do Corpo de Bombeiros, deram conta que algumas pessoas ficaram feridas. A mãe e três crianças japonesas ficaram soterradas. Os quatro integrantes da família, assim como pessoas que trabalhavam em uma obra na loja, foram socorridas e encaminhadas ao IJF.
A loja de atacado e varejo fica localizada ao lado do Cartório Melo Júnior. Segundo a Defesa Civil, uma equipe foi enviada para atender a ocorrência. Uma equipe da Autarquia Municipal de Trânsito e Cidadania (AMC) também esteve no local para controlar o trânsito.
Veja vídeo do resgate de uma das crianças:
Criança é resgata após desabamento na rua Major... por opovo
Telhado desaba na rua Major Facundo; crianças... por opovo
Veja imagens do desabamento no Centro de Fortaleza
Outros casos
Só neste ano, o O POVO Online registrou pelo menos 10 casos de desabamento em Fortaleza.
Em junho, a laje de uma academia localizada no bairro Pirambu desabou e cinco pessoas foram atingidas.
Em julho, um morador de rua, de 34 anos, morreu após a laje de um estabelecimento comercial desabar.
Ainda no fim do mês passado, quatro operários que trabalhavam em uma obra no bairro Cocó ficaram feridos por conta do desabamento de uma laje do subsolo de um edifício.
A obra que causou o desabamento na loja de variedades, no número 666, na Rua Major Facundo, ocorreu de maneira clandestina, sem o registro do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea).
No desabamento duas crianças asiáticas de oito e 10 anos morreram. O caso ocorreu na tarde desta segunda-feira, 17. Pelo menos 12 desabamentos foram registrados neste ano em Fortaleza, conforme levantamento feito pelo O POVO.
O superintente do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea), Modesto Cavalcante, informou que o levantamento inicial apontou que a obra é clandestina. "Com as informações e o levantamento a nível de registro no Crea, se trata de mais uma obra clandestina, sem acompanhamento de um engenheiro ou profissional habilitado", explicou.
O superintendente do Crea ainda alertou as pessoas sobre a importância de contratar profissionais habilitados. "O mais importante é conscientizar, orientar os fortalezences, que contratem profissionais habilitados para que não ocorram acidentes", finalizou.
O caso
A loja seria de propriedade de uma família de japoneses, que estava no local no momento do desabamento. Pelo menos sete pessoas estavam dentro do estabelecimento, sendo três crianças, a mãe delas e funcionários.
Segundo o coronel Carlos Viana, do Corpo de Bombeiros, a mãe Dan Xiaooyan e a filha Sofia Ayningaiei, de sete anos, foram socorridas e encaminhadas ao Instituto Doutor José Frota (IJF), Centro. Já as duas crianças An Kang, 8 anos, e An Xin, 10 anos, ficaram soterradas.
O resgate delas durou cerca de duas horas, mas elas não resistiram aos ferimentos. O trabalho para retirar as crianças dos escombros foi feito por militares do Corpo de Bombeiros, teve a participação da Polícia Militar, que isolou o local, além do apoio da Autarquia Municipal de Trânsito e Serviços Públicos (AMC), que cuidava dos desvios nas proximidades da Praça do Ferreira. Ambulâncias do Serviço Móvel de Atendimento (Samu) prestaram socorro após a retirada das crianças e as encaminharam para o IJF.
Defesa civil
Segundo o chefe do setor de fiscalização da Defesa Civil, Cristiano Ferrer, a casa vizinha, de número 670, está com sobrepeso. "Orientamos o proprietário a esvaziar. Estamos a procura do proprietário do imóvel (onde ocorreu o desabamento) para tomar as providências, no caso o escoramento e até mesmo a autorização para a demolição", relatou.
Ainda conforme o chefe da fiscalização, a via (Major Facundo) ficará interditada parcialmente e não será permitida estacionamento em um perímetro de 200 metros. Uma faixa seria liberada. "Dentro a estrutura está comprometida. O lado esquerdo está com problemas, o lado direito está com uma estrutura mais bem estruturada. Ainda não é possível avaliar a causa do desabamento", comentou.
Edificações no Centro
O POVO apontou uma série de sinais de falhas nas estruturas de prédios no Centro de Fortaleza, há dois meses, por meio do engenheiro civil Lawton Parente. Casos como fissuramentos, corrosão de armaduras, infiltrações e queda de revestimento foram citadas como comuns na análise do especialista.
Linha do tempo com casos de desabamento
29/07/2015 Uma laje desabou em um edifício em construção na esquina da Rua Valdetário Mota, com Bento Albuqueque, bairro Cocó. Pelo menos quatro pessoas saíram feridas 19/06/2015 Laje desaba na Rua Horiente, no Morro Santa Terezinha, Vicente Pinzon
12/06/2015 Marquise de prédio desaba no bairro São João do Tauape
07/06/2015 Cinco pessoas ficaram feridas no desabamento da laje de uma academia localizada no bairro Pirambu, em Fortaleza.
26/05/2015 Muro do Centro Educacional Dom Bosco, no Passaré, desaba após chuva
11/05/2015 Fachada de prédio desaba na Rua Pedro I com Avenida Tristão Gonçalves, no Centro
30/03/2015 Desabamento em churrascaria no bairro José Walter deixa dois feridos
24/03/2015 Palhoça de barraca de praia desaba na Praia do Futuro e deixa proprietário ferido
22/03/2015 Laje desaba em casa no Bom Jardim e deixa dois operários feridos
02/03/2015 Varanda de condomínio desaba, mata um e deixa dois feridos. O caso ocorreu na Rua Ana Bilhar, bairro Aldeota
23/01/2015 Operário morre após parede de obra desabar rua Oswaldo Cruz
AUTOR: O POVO
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