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sexta-feira, 22 de junho de 2012

“MINHA CARREIRA POLICIAL FOI EMBORA”, DIZ CAPITÃO PRESO POR ENVOLVIMENTO NO ASSASSINATO DO BLOGUEIRO DÉCIO DE SÁ NO MARANHÃO

O blog publica agora os principais trechos de uma entrevista exclusiva, gravada na tarde desta quinta-feira (21), com o capitão Fábio Aurélio Saraiva Silva, o Fábio Capita (foto abaixo), subcomandante do Batalhão de Choque da PM, preso semana passada apontado pela Polícia Civil com tendo sido o homem que forneceu a arma para o assassinato do jornalista Décio Sá, em abril.

Em praticamente uma hora de conversa, Capita confirmou os laços de amizade com o agiota Junior Bolinha, negou qualquer envolvimento com o crime e disse que sua arma só saía da cintura “na hora de dormir”. “A outra vez que essa arma saiu da minha cintura foi quando eu fui preso, que entreguei nas mãos do delegado Augusto Barros, junto com o pente e meu lote de munições”, disse.
Capitão afirma que tem relacionamento de amizade com Bolinha desde a infância. “Fomos criados juntos”. Mas nega conhecer qualquer dos demais envolvidos. “Não conheço seu Gláucio, seu Miranda, esse assassino, nem outra pessoa, só o Junior Bolinha, que eu não nego para ninguém, porque desde criança temos esse relacionamento de amizade apenas”, garantiu.

Ele diz que sua carreira “foi embora” após a prisão. “No meu entendimento, minha carreira policial foi embora, os meus sonhos dentro da corporação foram embora. Todas as condecorações possíveis eu tenho dentro da corporação e, quando você é pego de surpresa numa situação como essa, dá vontade de pedir baixa da corporação e mudar os ares”, ressaltou.

Prisão

Ainda sem acesso aos autos do inquérito – que já tem quatro volumes –, Fábio diz que soube pelos próprios delegados que o motivo da prisão, além do depoimento de Jhonatan de Souza, foram as recorrentes ligações telefônicas entre ele e Junior Bolinha. “Fui informado que seria pelo grande fluxo de ligações entre mim e o Bolinha, mas ele nem sabia que eu andava armado quando estava fora da corporação”, acrescentou.

E deu um detalhe interessante sobre as investigações. “A arma que utilizo é uma PT 24/7 e, pelo que eu ouvi dizer da denúncia, a arma usada na execução foi uma PT 940”, frisou, referindo a dois modelos diferentes de pistolas calibre .40.

Família

Há nove dias preso no próprio Batalhão de Choque, dentro do Comando Geral da Polícia Militar, Fábio Capita tem recebido a visita da esposa, de alguns familiares e amigos. Mas diz que pediu para “blindarem” o filho, de apenas seis anos.

“Ele está blindado quanto às informações da mídia, imprensa, internet. Porque quando você assiste àquilo na TV, você já é automaticamente processado, julgado e condenado e, se meu filho olha agora, isso poderia prejudicar muito na sua personalidade, no seu caráter, porque está se formando agora”, avaliou.

Ele também diz que a esposa, grávida de quatro meses, apesar de tentar transparecer calma, “está sofrendo muito”.

“A minha esposa é muito reservada, mas eu sinto que ela está sofrendo muito, ela está angustiada e minha preocupação também é com meu outro filho que está por nascer. Isso me deixa muito abalado”, revelou.

Apesar do desamparo, Fábio capita disse que confia na Justiça e mandou um recado a amigos e familiares. “Estou aqui há nove dias e ainda não fui ouvido para contrapor as denúncias, mas confio plenamente na Justiça. Aos meus familiares digo que nunca os decepcionarei e não vai ser agora que eu vou decepcionar. E para os meus camaradas da corporação militar digo a mesma coisa”, finalizou.
FONTE: gilbertoleda.com.br

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